Descrição de chapéu
O que a Folha pensa Banco Central

Colhendo juros

BC aponta que taxa vai demorar a cair, resultado de gastança e falatório de Lula

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

0
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) - Gabriela Biló /Folhapress

Se era esperada a decisão do Banco Central de manter sua taxa de juros em elevadíssimos 13,75% ao ano, o alerta quanto aos impactos inflacionários do aumento dos gastos públicos foi reação proporcional às indicações temerárias do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

"A conjuntura, particularmente incerta no âmbito fiscal e com expectativas de inflação se distanciando da meta em horizontes mais longos, demanda maior atenção na condução da política monetária", disse o comunicado da instituição, lido como uma indicação de que os juros podem ficar onde estão até o final do ano.

Eis o resultado, nada surpreendente, da aprovação da PEC da Gastança e do falatório de Lula contra a responsabilidade fiscal, a autonomia do BC e as metas de inflação, a seu ver muito baixas.

As projeções de mercado para o IPCA deste ano e dos próximos vêm subindo desde novembro. Na última coleta, o ponto médio das expectativas foi de 5,74% em 2023, bem acima da meta de 3,25%. Para 2024, o quadro também se agrava com variação esperada de 3,9%, ante a meta oficial de 3%.

Se há poucos meses havia um claro caminho para cortes da Selic (a taxa do BC) para até 11% ainda neste ano, a perspectiva agora é de permanência do arrocho.

Em nada ajuda, ademais, o questionamento pueril de Lula a respeito da autonomia legal da instituição. A cultura de gestão monetária foi assentada na prática seguida por sucessivos governos, incluindo os do próprio petista, culminando na sua formalização em 2021.

Retroceder nesse quesito abalaria a credibilidade da política econômica, com a consequência óbvia de mais inflação, que penaliza sobretudo os mais pobres.

Tampouco convém mexer nas metas anuais já definidas até 2025. A tese dos defensores dessa intervenção é a de que desequilíbrios econômicos do país, inclusive o do próprio Orçamento federal, tornam as metas irrealistas.

Sua elevação, por esse argumento, permitiria queda mais rápida dos juros e melhor desempenho da atividade econômica no curto prazo. A tese é questionável teoricamente, porque subir a meta pioraria ainda mais as expectativas, e o momento seria péssimo.

O temor de descompromisso com as contas públicas e a adoção de velhas fórmulas intervencionistas ameaçam a evolução da economia e do emprego. A boa notícia é a aparente disposição dos ministros Fernando Haddad, da Fazenda, e Simone Tebet, do Planejamento, para desfazer o estrago.

Será imperativo fazer escolhas sensatas nos próximos meses, em especial com a apresentação de uma regra rígida e crível para o controle das despesas.

editoriais@grupofolha.com

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.