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Leilão para finalizar Rodoanel ocorre, mas histórico de problemas requer atenção

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Obra abandonada no trecho Norte do Rodoanel - Eduardo Knapp/Folhapress

Com 176 km de extensão, o Rodoanel Mário Covas é uma megaobra viária que simboliza o que de pior pode ocorrer neste tipo de empreendimento: atraso, suspeitas de superfaturamento e atoleiro jurídico das construtoras envolvidas.

Assim, é com cauteloso otimismo que se recebe o boa notícia do leilão realizado na terça (14) para a finalização do trecho norte da via, que em tese levará a termo o projeto com a ligação de 44 km entre os segmentos leste e oeste.

Totalmente funcional, o Rodoanel é instrumento para desafogar o tráfego de caminhões pesados das artérias marginais da capital paulista, além de opção para cortar caminhos em seu entorno.

Segundo especialistas, o certame com quatro concorrentes foi competitivo. O critério central foi o desconto oferecido pelo consórcio vencedor, Via Appia, de 23,1% sobre parcelas que o governo paulista pagará para compensar a insuficiência na arrecadação de pedágio.

O trecho já consumiu o equivalente a R$ 8,5 bilhões em valores corrigidos. Para completá-lo, operar e fazer manutenção da rodovia, a previsão é de R$ 3,4 bilhões, com o estado bancando cerca de R$ 1,4 bilhão na parceira público-privada.

A construção da parte norte começou em 2013 e foi paralisada em 2018, quando a Justiça declarou inidoniedade das empreiteiras, investigadas pela Lava Jato.

Após 25 anos desde o início das obras pela gestão do governador que hoje dá nome ao Rodonael, chegou a vez de Tarcísio de Freitas (Republicanos) priorizar a obra iniciada pelo tucanato.

A exemplo do que ocorreu quando ganhou fama de bom gestor no Ministério da Infraestrutura, Tarcísio herda um arcabouço. Se em Brasília havia o Programa de Parcerias de Investimentos de Michel Temer, agora há uma carteira de 8.000 obras deixadas pelos governos João Doria e Rodrigo Garcia.

Assim como antecessores, notadamente Doria, o atual mandatário tem prometido ampliar privatizações, concessões e parcerias. Trata-se de iniciativa louvável, dada a rejeição histórica dos brasileiros à desestatização, alvo prioritário no discurso de governos do PT.

Resta o teste da realidade, já que o objetivo maior de Tarcísio é privatizar a Sabesp, a companhia de água paulista —tarefa que encontra dificuldades no âmbito político.

Mirando liderar a centro-direita após o governo desastroso de seu padrinho, Jair Bolsonaro (PL), o governador de São Paulo parece apostar numa agenda liberal.

Se sua figura algo apoplética batendo o martelo no leilão renderá um meme eleitoral, é algo a ver, mas a eventual conclusão do Rodoanel sem sobressaltos e no prazo previsto de 2026 será um ativo de real benefício à população.

editoriais@grupofolha.com

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