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O que a Folha pensa União Europeia

Cidadãos do mundo

Facilitar migrações ajuda a desenvolver a economia, além de ser imperativo ético

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Imigrantes resgatados em barco de pesca, na cidade de Paleochora, em Creta (Grécia) - Costas Metaxakis/AFP

Protestos contra mudanças previdenciárias, como os vistos recentemente na França, mostram como o envelhecimento da população mundial é tema que não recebe a atenção que sua gravidade exige.

Atualmente, segundo a Organização das Nações Unidas, as pessoas com mais de 65 anos representam 9,6% dos 8 bilhões de habitantes do planeta. Em 2050, serão 16,5% de 9,7 bilhões.

Reformas que tentam adaptar as leis de seguridade social são formas de lidar com o problema. Outra é o acolhimento de populações de diferentes países. Estudo do Banco Mundial divulgado na terça (25) ressalta a importância da migração no combate ao envelhecimento e na produção de riquezas.

"Migrantes trazem habilidades, dinamismo e recursos para fortalecer suas economias de destino", disse David Malpass, presidente do órgão. Já as comunidades dos países de origem se beneficiam pelo envio de recursos de seus conterrâneos que trabalham no exterior.

Dados apontam que 2,3% da população mundial (184 milhões) é de imigrantes —o índice deve ser bem maior, dados os casos ilegais.

Em 2022, 966 mil pessoas requereram estadia definitiva em países da Europa, num aumento de 50% em relação ao ano anterior e um recorde desde 2015.

Ao mesmo tempo, o velho continente é mais refratário aos fluxos migratórios. Na Itália, a premiê Giorgia Meloni foi eleita com discurso duro contra a migração e, em 2022, seu governo tentou impedir a entrada de mil refugiados náufragos na região do Mediterrâneo.

Já Portugal é bom exemplo contrário. O governo criou um programa de autorização de residência automática para cidadãos de países de língua portuguesa. Em uma semana, 74,7 mil de 85,7 mil pedidos foram validados.

Mas até os EUA, cuja economia deve muito aos estrangeiros, tem endurecido sua política contra migração desde Donald Trump.

Conservadores se apegam a um possível "roubo" de postos de trabalho e a um nacionalismo datado que teme influências exóticas.

Contudo boa parte dos imigrantes realiza tarefas pelas quais a maioria da população do país de acolhimento não tem interesse —nos piores exemplos da clandestinidade, até em condições aviltantes.

A xenofobia ignora o fato inexorável de que grandes civilizações foram construídas a partir da mistura de culturas diversas.

Muitos, ademais, estão fugindo de condições de vida desumanas, como guerra, fome ou perseguição política. Abrigá-los, portanto, é também um imperativo ético.

editoriais@grupofolha.com.br

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