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Menos desigual

Auxílio e emprego levam distância entre ricos e pobres a queda histórica em 2022

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Fila para recebimento do novo Bolsa Família, na zona leste de São Paulo (SP) - Danilo Verpa/Folhapress

Em 2022, como mostram dados recém-divulgados pelo IBGE, o total dos rendimentos dos brasileiros aumentou em relação ao sombrio ano anterior, quando a economia estava abatida pela pandemia, os salários caíram aos menores níveis da década e foi interrompido o pagamento do auxílio emergencial.

Foi progresso em relação a um estado de ruína, decerto. De melhor, beneficiou especialmente os mais pobres, em parte graças ao aumento dos benefícios assistenciais. Ainda assim, o rendimento médio domiciliar per capita, de R$ 1.586 mensais, mostrou-se idêntico ao de 2017 e não muito maior do que os R$ 1.555 do longínquo 2012, em valores corrigidos pela inflação.

Para o conjunto da população, o aumento real do indicador foi de 6,9%. Já para o décimo mais pobre dos brasileiros, a melhora foi de 57,3%, embora de apenas R$ 106 mensais por pessoa para R$ 162. O resultado, de todo modo, é queda da vergonhosa desigualdade social.

Olhando para a frente, não parece possível recuperar a renda dos mais pobres com aumentos adicionais do pagamento de benefícios como do Bolsa Família. É preciso, pois, acelerar o crescimento da economia, orientando o desenvolvimento na direção daqueles sem emprego, na informalidade e com contratos precários.

Em primeiro lugar, observe-se que, mesmo entre os mais pobres, para os quais a desocupação, a exclusão do mercado e o emprego precário são comuns, o trabalho era, em 2022, fonte de 72% dos rendimentos; no ano menos conturbado dos tempos recentes, 2019, de 82%. É daí, do trabalho, que pode advir progresso maior e duradouro.

Segundo, o benefício médio do Bolsa Família em abril, de R$ 670,33, já equivalia a 50,8% do salário mínimo, e este correspondia a 45,8% do rendimento médio do trabalho no país.

Terceiro, é inviável que a despesa com benefícios sociais dê saltos como os verificados nos anos da Covid-19. Em 2019, o gasto total anual com o Bolsa Família foi de R$ 41,8 bilhões (valor corrigido pela inflação); em 2022, de R$ 91,5 bilhões; neste ano, deve chegar a R$ 167 bilhões. É mais do que o triplo de todo investimento federal em obras e equipamentos no ano passado.

Trata-se de despesa meritória e inevitável. Porém disputa recursos com outras rubricas do Orçamento, quase todo destinado a gastos obrigatórios. Para haver mais progresso, tanto no trabalho como na política social, é preciso mais crescimento duradouro do PIB.

Cumpre que o Tesouro gaste melhor, destinando mais aportes em infraestrutura econômica e social —e que facilite o investimento privado, em especial o favorável aos pobres, como em saneamento, o que o governo deveria saber.

editoriais@grupofolha.com.br

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