De acordo com estimativas da Organização das Nações Unidas, é provável que, em abril, a Índia tenha superado a China como país mais populoso do mundo, ao atingir a marca de 1,425 bilhão de habitantes —o momento da ultrapassagem é impreciso porque o último censo local foi feito em 2011.
Essa distância aumentará, mesmo que a taxa de fertilidade já tenha convergido para o nível de reposição. De acordo com a ONU, o país atingirá o pico em torno de 1,7 bilhão por volta de 2070, quando terá cerca de 550 milhões de pessoas a mais que a China.
Com população proporcionalmente mais jovem, o desafio indiano é gerar empregos de qualidade, aproveitando o bônus demográfico (quando a parcela ativa cresce mais do que a de dependentes).
Os prognósticos parecem positivos. Com 75 anos de independência, apenas recentemente o país vem ganhando peso no mercado global. Mas, em 2021, conseguiu superar o Reino Unido e tornou-se a quinta maior economia do mundo.
Até 1990, a gestão econômica era ineficiente, dirigista, com pendores socialistas, e não logrou vencer a estagnação. Nessa fase, o país perdeu posições e ficou cada vez mais longe da fronteira tecnológica.
Desde então, houve progressiva liberalização, avanços educacionais, rápida adoção de tecnologia e ampliação de investimentos. Em conjunto, tais avanços aceleraram o crescimento, para uma média próxima a 7% entre 2009 e 2019. Para este ano, após a recessão da pandemia, o Fundo Monetário Internacional projeta alta de 5,9%.
Há muito a percorrer. Segundo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, em 2022 a renda per capita indiana foi de US$ 7,6 mil, o que representa cerca de 40% da cifra chinesa e 15% da média da OCDE.
Mas é possível aumentar os ganhos, a começar pela mobilização do contingente feminino —apenas 20% das indianas trabalham.
Com tecnologia, reformas na área tributária e investimentos em infraestrutura, que têm se mantido em 4% do PIB (o dobro do brasileiro), há espaço para que o país se firme como destino atraente no redesenho das cadeias produtivas.
Polo de liberdade no continente asiático, a Índia flerta com retrocessos sob o atual governo. Será melhor para o mundo que a promissora potência econômica mantenha e aperfeiçoe sua democracia.
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