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Má colocação em exame de leitura mostra atraso do Brasil em alfabetização

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Alunos do ensino fundamental em escola pública de Sobral (CE) - Eduardo Anizelli/Folhapress

O Brasil se saiu mal no Pirls, a prova internacional que avalia o desempenho da alfabetização em alunos do 4º ou do 5º ano do ensino fundamental (crianças de 9 ou 10 anos), etapa em que a capacidade de leitura e interpretação de textos já deveria estar consolidada.

Foi a primeira vez que o país participou do exame, que congrega 65 nações. Com 419 pontos, ficamos à frente apenas de Irã, Jordânia, Egito, Marrocos e África do Sul —enquanto os campeões Singapura, Irlanda e Hong Kong obtiveram mais de 570 pontos.

Nossos alunos só foram capazes de compreender textos fáceis. Em questões mais sofisticadas, fracassaram. As desigualdades de sempre também se mostraram presentes. Crianças de famílias mais ricas se saem melhor do que as de estratos pobres, assim como meninas em relação a meninos, e brancos e amarelos ante negros e pardos.

A prova, que no Brasil envolveu uma amostra de 4.941 estudantes do 4º ano de escolas públicas e privadas, foi realizada em 2021, o segundo ano da pandemia, o que obviamente influiu nos resultados. Mas a Covid-19, ainda que em graus variados, afetou todos os países.

O fato é que, com grande atraso, o Brasil universalizou o acesso ao ensino fundamental, e os avanços qualitativos verificados nas duas últimas décadas estão concentrados nos primeiros anos dessa etapa da educação. Deixamos muito a desejar em aprendizado.

Os dados do Pirls mostram que, mesmo na faixa em que estamos melhor, o desempenho brasileiro ainda é ruim quando comparado ao de outras nações, incluindo aquelas que não se destacam exatamente pela qualidade na educação. Há muito, portanto, a fazer. E a ciência pode ajudar.

Estudos apontam que, quanto antes a criança entrar em contato com o processo de ensino, melhor tende a ser seu futuro acadêmico e profissional. O Brasil vem dando passos nesse sentido —entre 2005 e 2022, a taxa de crianças de 0 a 3 anos matriculadas em creches teve alta de 17% para 36%.

Outra área que merece destaque é a dos métodos de alfabetização. Nos últimos 20 anos, houve uma pequena revolução na compreensão de como crianças aprendem a ler. A conclusão inequívoca é a de que é necessário ensinar explicitamente as correspondências entre grafemas (letras) e fonemas (sons). Os métodos usados aqui ainda não exploram como deveriam esse achado da ciência.

editoriais@grupofolha.com.br

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