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Programa contra filas no SUS precisa ser contínuo e focar diferença regional

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Procedimento cirúrgico em hospital municipal na Vila Prudente, zona leste de São Paulo (SP) - Lalo de Almeida/Folhapress

O Sistema Único de Saúde sempre apresentou filas para cirurgias eletivas —procedimentos agendados e sem urgência. Agora, o governo federal começa a ter a exata dimensão do problema.

O Programa Nacional de Redução das Filas (PNRF), instituído em janeiro, determina que cada estado deve apresentar suas demandas à União, com o número de pessoas em espera e as modalidades de cirurgia mais aguardadas.

Até agora, 18 deles, além do Distrito Federal, enviaram os dados, e as filas já abarcam 679,2 mil pacientes. Goiás, por enquanto, encabeça a lista com 125,9 mil pessoas na espera, seguido por Rio Grande do Sul (108,1 mil) e Minas Gerais (86,4 mil); já Roraima e Rondônia, estados menos populosos, tem 3,5 mil e 1.001, respectivamente.

Contudo a análise per capita revela diferenças regionais. A fila de Minas Gerais, que aparece em terceiro lugar em número absolutos, representa 0,4% da população do estado, numa situação melhor do que a do Acre, na 14ª posição, mas com 0,8% da população em espera.

No ranking das maiores demandas estão as cirurgias de catarata, abdominal, ortopédica, de aparelho digestivo e hérnia.

Segundo o Ministério da Saúde, R$ 600 milhões estão reservados para o auxílio a estados e municípios pelo PNRF, que também visa reduzir filas para consultas e exames, e R$ 200 milhões já estão sendo liberados para cirurgias eletivas com a aprovação dos relatórios fornecidos pelos gestores regionais.

O PNRF vem com atraso, já que o gargalo no SUS é histórico, mas em momento crucial. Com a pandemia de Covid-19, a espera aumentou, pois grande parte da estrutura material e pessoal da rede foi direcionada ao combate ao vírus.

Ações do ministério nesse sentido precisam, portanto, ser contínuas para que não se volte ao mesmo patamar de atrasos anterior à emergência sanitária.

Para isso, é imperioso levar em contas as desigualdades regionais. Em relação ao número de médicos, por exemplo, 55% estão no Sudeste, que tem 42% da população, enquanto 18% se encontram no Nordeste, que abriga 27% dos brasileiros. No Rio de Janeiro, há 3,7 médicos por mil habitantes, enquanto no Maranhão há apenas 0,8.

O problema é complexo, sem solução imediata. Mas ação contínua de longo prazo, que atenda necessidades das regiões pobres, é o caminho que o poder público deve seguir para enfrentar o gargalo.

editoriais@grupofolha.com.br

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