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Lula tem novo tropeço diplomático ao ver frustrado seu intento de reviver Unasul

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Luiz Inácio Lula da Silva (PT) recebe presidentes de países da América do Sul para reunião - Pedro Ladeira/Folhapress

Sob Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a política externa foi alçada ao patamar de prioridade governamental. O mandatário parece disposto a reviver os tempos em que foi louvado pelo então presidente dos Estados Unidos, Barack Obama.

A princípio, nada há de errado com tal objetivo. Trata-se, inclusive, de estabelecer um contraste com o antecessor, Jair Bolsonaro (PL), que comandou um vexatório isolamento internacional do país.

Temas como a defesa de princípios democráticos, a segurança alimentar e a mudança climática se apresentavam como oportunidades naturais para que o líder petista recebesse aplausos no cenário internacional. As chances, porém, não foram bem aproveitadas.

Lula passou a acumular declarações e atos desastrados, que espelham a megalomania vista nos dois primeiros mandatos.

A inicialmente boa ideia de propor mediação no tema da Guerra da Ucrânia tornou-se um vaivém de afirmações desencontradas, ora querendo agradar à Rússia, ora buscando remediar a má repercussão. O desejável bom relacionamento com a China se fez acompanhar de surtos de diatribes antiamericanas pueris.

O mais recente episódio se deu na reunião com 11 países sul-americanos em Brasília, nesta semana. Lula fez da correta abertura à Venezuela uma sessão de apologia à ditadura chavista. Acabou admoestado, entre outros, pelo presidente chileno Gabriel Boric, um esquerdista que não tem compactuado com regimes autoritários.

Não satisfeito, o brasileiro dobrou a aposta ao tentar a reativação da União de Nações Sul-Americanas (Unasul), um fórum criado em 2008 por Lula e aliados ideológicos então no poder.

A entidade subsiste de forma fantasmagórica: 6 dos 12 fundadores a abandonaram. O Brasil chegou a sair sob Bolsonaro, num ato depois revertido por Lula.

A integração econômica não teve incremento sob a Unasul. Desde sua fundação, a China se tornou a maior parceira de quase todos os países da região. Hoje, seguem tendo os EUA como sócios majoritários apenas Colômbia e Equador —e este último acaba de assinar acordo de livre comércio com Pequim.

A ideia de Lula, temperada com exotismos como moeda única, foi rechaçada por atores como Chile, Paraguai e Uruguai. Nem a citação à Unasul chegou ao documento final do encontro, selando um novo fiasco para o petista.

editoriais@grupofolha.com.br

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