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O que a Folha pensa Cracolândia

Cracolândia ambulante

Estado e município batem cabeça sobre política que enfrente o problema em SP

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Fluxo da cracolândia na rua dos Gusmões, no bairro Santa Ifigênia, em São Paulo (SP) - Danilo Verpa/Folhapress

Não há bala de prata para resolver um problema complexo cuja causa é multifatorial, como a cracolândia na cidade de São Paulo. Mas governo do estado e prefeitura parecem confusos até mesmo para decidir qual caminho seguir.

Recentemente, o Palácio dos Bandeirantes esteve calado, recusando entrevistas sobre o assunto.

O silêncio foi quebrado na terça (19), com o anúncio de que o governo moveria a aglomeração de usuários do bairro Santa Ifigênia para o Bom Retiro, ambos no centro.

O objetivo seria afastar a cracolândia de áreas residenciais e comerciais e aproximá-la de equipamentos públicos como o Complexo Prates, da Prefeitura, que integra uma unidade de acolhida para pessoas em situação de rua, um Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas e uma unidade da Assistência Médica Ambulatorial.

Contudo, na quarta (20), o prefeito Ricardo Nunes (MDB) disse que não havia sido informado sobre a intenção do estado.

A abordagem da prefeitura tem sido a do confronto para desfazer grandes aglomerações, como a megaoperação policial na Praça Princesa Isabel em maio de 2022 —o que facilitaria o contato de assistentes sociais com os usuários.

O resultado, entretanto, foi a dispersão da cracolândia por bairros do centro como Campos Elíseos e Santa Ifigênia, gerando transtorno para comerciantes e moradores. Aumentaram os ataques a lojas e os furtos de celulares de motoristas e de passageiros de ônibus.

Enquanto isso, moradores do Bom Retiro se mobilizaram por meio de um abaixo-assinado contendo milhares de adesões.

Com a repercussão, Tarcísio recuou. Na quinta (20), o governo desistiu da transferência. Em nota oficial, disse que novas possibilidades para solucionar a questão "serão divulgadas em breve".

Mudar o problema de lugar está longe de resolvê-lo. A prisão de traficantes também não é panaceia, já que novos jovens são recrutados por organizações criminosas.

É preciso aumentar o policiamento para coibir furtos, mas, enquanto os poderes municipal e estadual não se entenderem para implementar um programa integrado e interdisplinar de longo prazo (com saúde, segurança, moradia e geração de renda), a cracolândia continuará perambulando pela cidade.

Segundo a Secretaria de Segurança Pública do estado, desde abril, o número de usuários no centro passou de 800 para 1.100.

editoriais@grupofolha.com.br

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