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Preços de combustíveis e política de investimentos geram preocupação com estatal

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Jean Paul Prates, presidente da Petrobras, em entrevista exclusiva para a Folha, no Rio de Janeiro (RJ) - Eduardo Anizelli - 23.jun.23/Folhapress

Com a queda nas cotações internacionais de petróleo e das margens de venda de derivados, a Petrobras apresentou lucro de R$ 28,8 bilhões no segundo trimestre, 47% abaixo do registrado no período correspondente de 2022.

O resultado já se dá sob a nova política de preços dos combustíveis, promessa de campanha de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que abre espaço para maior diferença entre as cifras domésticas e as cotações no mercado externo.

Os parâmetros exatos não são explicitados pela gigante estatal, o que acentua temores de gestão populista para controlar artificialmente os valores cobrados dos consumidores —algo que a nova direção promete que não vai fazer.

Com o encarecimento mais recente do petróleo no exterior, contudo, o desvio dos preços locais da gasolina já se aproxima de 20%, percentual ainda compatível com os observados nos últimos anos.

No entanto eventuais diferenças maiores podem ser indicativos de disposição a um comportamento temerário e em desacordo com o estatuto da empresa —o que também traria risco de desabastecimento, na medida em que se tornaria antieconômica a importação de combustíveis por concorrentes.

Além da política de preços, há outros mecanismos de influência do governo na companhia que merecem escrutínio, casos das regras de distribuição dos resultados para os acionistas e do programa de investimentos, objetos de crítica petista nos últimos anos.

As novas diretrizes reduzem o pagamento de dividendos de 60% para 45% do fluxo de caixa que resulta das operações, deduzidos os investimentos. A alteração trouxe alívio ao mercado, que temia por mudanças mais drásticas.

Há mais em curso, porém. A definição do que são investimentos, por exemplo, foi alterada para incluir não apenas novos aportes em projetos mas também aquisições de empresas e participações.

A gestão atual não esconde seu desejo de reverter desinvestimentos anteriores, principalmente em refino e, talvez, na distribuição de combustíveis. Prometem-se maiores desembolsos em fertilizantes e em áreas ligadas à transição energética, como geração eólica em alto mar, de rentabilidade duvidosa.

Eis onde reside o maior risco. Foram justamente empreendimentos perdulários, mal concebidos e, em muitos casos, sujeitos à corrupção que levaram a empresa a megaprejuízos na gestão petista anterior. A restauração de sua saúde financeira custou vários anos de trabalho.

Desde então, é certo que os mecanismos internos de controle foram fortalecidos e que a atenção da sociedade e dos acionistas minoritários se tornou maior. Todo cuidado é pouco, entretanto.

editoriais@grupofolha.com.br

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