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Ansiosas e ansiosos

Transtorno é mais comum entre mulheres, diz Datafolha, o que segue padrão global

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Mulher com distúrbio alimentar - Photographee.eu - Stock.Adobe

Pesquisa do Datafolha aponta que mulheres e jovens se declaram mais afetados por transtornos de ansiedade do que outros estratos da população. Ao menos no que diz respeito às brasileiras, repete-se padrão verificado em escala global.

Mapeamento da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostrou que 3% do conjunto dos homens em todos os países sofre com transtornos depressivos e de ansiedade; o índice sobe para 4,5% e 5%, respectivamente, entre mulheres.

A assimetria deixa clara a importância de políticas na área da saúde que se adaptem a variações epidemiológicas registradas por gênero, etnia e idade, entre outros.

Na pesquisa do Datafolha, 27% das mulheres e 14% dos homens relataram ter sido diagnosticados com ansiedade. Entre jovens de 16 e 24 anos, o índice delas salta para 34%, enquanto o deles é de 15%.

Na autoavaliação, 5% do homens acham que sua saúde mental é ruim ou péssima; o número é maior em mulheres (7%) e jovens (13%). Ao todo, três em cada dez brasileiros com 16 anos ou mais declaram sentir-se ansiosos e experimentar problemas com o sono. Um quinto deles relata dificuldade de atenção.

As diferenças por gênero em saúde mental têm causas biológicas, como variação hormonal, mas também culturais e socioeconômicas.

Especialistas apontam que mulheres, desde a infância, são mais vulneráveis a abusos, principalmente, sexuais. Ademais, levantamentos do IBGE atestam que pessoas do sexo feminino sofrem com a dupla jornada de trabalho, que impacta negativamente a empregabilidade e a renda das brasileiras.

No caso dos jovens, novas tecnologias podem ter papel significativo. As redes sociais levam o bullying da escola para a casa; a valorização de estereótipos de beleza por vezes acarreta transtornos alimentares, e o uso excessivo de telas luminosas causa distúrbios do sono.

Devido à intersecção de fatores biológicos, culturais e sociais, a integralidade na abordagem, um dos princípios do SUS, é crucial.

Isso significa não só articulação de políticas em áreas diversas (segurança, assistência social, trabalho, educação) mas também o tratamento do indivíduo em sua totalidade, levando em conta contexto social e familiar, corpo e mente.

A OMS recomenda a capacitação de profissionais na atenção primária para identificar sinais de problemas psicológicos em consultas médicas de rotina. Atuação rápida no diagnóstico e interdisciplinar em prevenção e tratamento são caminhos indicados pela ciência para cuidar da saúde mental, principalmente dos mais vulneráveis.

editoriais@grupofolha.com.br

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