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O que a Folha pensa Censo 2022

Brasil mais indígena

Nova metodologia do censo apura números maiores, o que pode aprimorar políticas

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Indígenas participam de cerimônia na aldeia Mynawa, na Terra Indigena Waimiri-Atroari (AM) - Lalo de Almeida/Folhapress

Segundo o censo de 2022, os indígenas são quase 1,7 milhão dos 203,1 milhões de brasileiros, o que representa alta de 88,8% em relação ao recenseamento anterior, que registrou 896,9 mil em 2010.

Não se sabe o papel dos fatores demográficos (nascimentos e mortes), que ainda serão divulgados, para tamanho salto. Mas mudanças na metodologia do levantamento ajudam a entender os números.

Para a contagem, pesquisadores perguntam sobre raça ou cor, com as opções branca, preta, parda, amarela e indígena a assinalar

Em 2022, se o entrevistado estivesse em uma área indígena (terra, agrupamento ou outro tipo de localidade) e não se declarasse como tal, era submetido a uma questão específica sobre essa condição.

Em 2010, essa segunda questão só era feita em terra indígena oficialmente demarcada, o que pode ter prejudicado a contagem. De um censo para outro, aumentou expressivamente a parcela dos indígenas contados a partir da segunda pergunta, de 8,8% para 27,58%.

A abordagem também mudou. Houve participação de guias comunitários e intérpretes, além de reuniões com lideranças para facilitar o acesso e a comunicação.

As alterações implementadas pelo IBGE são bem-vindas, já que políticas públicas dependem de dados estatísticos confiáveis, e parte das comunidades indígenas, principalmente aquelas distantes dos centros urbanos, vive em situação de vulnerabilidade social.

Não mais de 37% (622,1 mil) dos indígenas habitam territórios com alguma delimitação formal; 51,2% (867,9 mil) estão na Amazônia Legal. De 573 áreas oficialmente demarcadas até o final de julho do ano passado, a mais populosa é a Terra Indígena Yanomami, que se espalha pelos estados do Amazonas e de Roraima

No início deste ano, os mais de 27 mil indígenas que vivem no local passaram por uma crise humanitária, com surtos de malária e desnutrição. A região sofre com o garimpo ilegal, cujo alcance quase triplicou entre 2020 e 2022.

O enfraquecimento dos órgãos de fiscalização e o desmonte de programas ambientais e indigenistas sob o governo de Jair Bolsonaro (PL) agravaram a situação no território, que historicamente enfrenta graves problemas.

Espera-se que os dados do último censo sejam de fato mais precisos e contribuam para que o poder público atenda com maior eficácia essa parcela da sociedade brasileira.

editoriais@grupofolha.com.br

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