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Realinhamento eleitoral parece se consolidar, mas quadro do Datafolha pode mudar

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da esquerda para a direita: Guilherme Boulos (PSOL) Ricardo Nunes (MDB) e Tabata Amaral (PSB)
Guilherme Boulos (PSOL), Ricardo Nunes (MDB) e Tabata Amaral (PSB), pré-candidatos à Prefeitura de São Paulo - Zanone Fraissat, Karime Xavier e Greg Salibian/Folhapress

Pesquisas eleitorais realizadas mais de um ano antes do pleito costumam dizer muito pouco sobre a disputa, mas a primeira rodada do Datafolha sobre a corrida municipal de São Paulo revelou-se notável exceção a essa regra, a começar pela lista de potenciais candidatos apresentados aos entrevistados.

Seria impensável, quatro anos atrás, que o instituto consultasse os eleitores sobre uma relação de nomes da qual não constasse nenhuma figura do PT ou do PSDB. Afinal, desde 1988, cada um dos partidos sobressaiu 3 vezes, somando 6 vitórias em 9 disputas.

A despeito desse histórico de sucesso na maior cidade do país, as duas agremiações mostram-se dispostas a operar um recuo estratégico na contenda de 2024. Enquanto tucanos ainda avaliam qual aliança mais lhes convêm, petistas seguem firmes na proposta de apoiar Guilherme Boulos (PSOL).

Parece consolidar-se, assim, o realinhamento eleitoral que se desenhou a partir de 2016. Naquele ano, de forma inédita desde a redemocratização, o PT não chegou ao segundo turno da corrida paulistana, embora o incumbente Fernando Haddad buscasse a reeleição.

No pleito seguinte, o candidato do PT, Jilmar Tatto, não alcançou dois dígitos e terminou na sexta colocação. Em ambos os casos, o PSDB levou a melhor: João Doria venceu logo na primeira rodada de votação e, em 2020, Bruno Covas derrotou Boulos no segundo turno.

O fato de o PT e o PSDB, ao menos por enquanto, não serem cabeças de chapa neste ano já é, portanto, uma grande novidade —assim como são as suas consequências, ora medidas pelo Datafolha.

Boulos, que lidera com 32% das intenções de voto, desponta como personagem capaz de atrair para si o patamar mínimo que outrora pertenceu ao PT em São Paulo, num sinal de que a esquerda pode muito bem ir além do petismo.

Em segundo lugar, com 24%, está Ricardo Nunes (MDB), prefeito algo anódino que vive o dilema de tentar conquistar eleitores bolsonaristas sem com isso absorver a rejeição elevada do ex-presidente.

Depois deles há, no atual cenário, somente mais dois candidatos competitivos, o que também é inusitado: os jovens Tabata Amaral (PSB), com 11%, e Kim Kataguiri (União Brasil), com 8%, empatados dentro da margem de erro.

Se a política brasileira há muito se ressente da falta de renovação, o quadro pintado pelo Datafolha sugere uma importante mudança na disputa em São Paulo.

Ênfase no "sugere". Em setembro de 2011, Haddad parava em reles 2% das intenções de voto, enquanto José Serra (PSDB) não decidia se iria concorrer. Pouco mais de um ano depois, Haddad superou Serra no segundo turno.

editoriais@grupofolha.com.br

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