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O que a Folha pensa PIB

Apesar dos juros

Emprego sustenta pouso suave do PIB, mas futuro depende do investimento privado

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Mulher segura carteira de trabalho em fila do mutirão de emprego do Sindicado dos Comerciários de São Paulo - Zanone Fraissat/Folhapress

Depois de uma recuperação que surpreendeu pelo vigor após a superação do pior momento da pandemia, o mercado de trabalho brasileiro mostra resistência considerável a um longo período de juros do Banco Central nas alturas.

De acordo com os dados divulgados nesta quinta-feira (31) pelo IBGE, a taxa de desemprego caiu a 7,9% no período maio-julho, ante 8,5% no trimestre imediatamente anterior e 9,1% no período correspondente do ano passado.

O percentual mantém trajetória de queda com poucas interrupções desde abril de 2021, e o patamar atual é o menor registrado para essa época do ano desde 2014, antes do agravamento da recessão devastadora que marcou o final do governo Dilma Rousseff (PT).

A renda média do trabalho demorou mais a se recuperar, mas se mantém em alta desde o ano passado. Chegou agora a R$ 2.935 mensais, com aumento de 5,1% acima da inflação em um ano.

Nem tudo é positivo nos números. A taxa de informalidade no emprego se mantém elevadíssima, em 39,1%, ante 38,9% em fevereiro-abril e 39,8% há um ano. Nesse contingente de trabalhadores que não desfrutam de garantias legais estão, principalmente, assalariados sem carteira assinada, autônomos e empregadores sem CNPJ.

Mesmo assim, o desempenho do mercado não deixa de ser notável para um país que viveu por um ano sob juros básicos de 13,75% anuais, só reduzidos a ainda altíssimos 13,25% no início de agosto.

Recorde-se que, em português claro, o objetivo do aperto monetário é controlar a inflação por meio do esfriamento da atividade econômica e, em consequência, da geração de vagas. Deve-se observar, nesse sentido, que à resistência do emprego está associada a resistência da alta de preços.

A expansão do Produto Interno Bruto, do mesmo modo, tem superado as expectativas desde 2022, quando marcou 2,9%. Para este ano, as projeções já subiram de 0,7% para 2,3%.

A economia perde ritmo, como era inevitável, porém de modo mais suave que o antes previsto —o que traz alívio no curto prazo.

Mais à frente, contudo, taxas menos modestas de crescimento dependerão da capacidade do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de restabelecer a confiança nas finanças públicas e favorecer a queda duradoura dos juros, permitindo a expansão do consumo e, sobretudo, do investimento privado.

editoriais@grupofolha.com.br

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