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Maria Clara Cabral

O dever de informar crianças e jovens sobre a guerra

Assim poderão questionar, absorver conhecimento e transformar tudo em ações

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Maria Clara Cabral

Jornalista, pós-graduada em comunicação integrada e marketing, fundadora da revista Qualé

Notícias sobre a guerra Israel-Hamas na Faixa de Gaza, infelizmente, passaram a fazer parte do nosso cotidiano desde 7 de outubro. E engana-se quem pensa que crianças e jovens estão alheias a isso. Seja pelas mídias tradicionais ou pelas redes sociais, eles também são impactados e ficam cheios de curiosidades sobre os graves acontecimentos.

Neste contexto, há importantes reflexões a serem feitas. Em primeiro lugar, sobre como e o quanto de informação sobre esse tipo de assunto devemos passar para os mais novos. Há quem defenda que crianças devem ser preservadas e não ter contato com tais fatos. No entanto, sabemos que esta missão é quase que impossível na época em que vivemos, da superinformação.

Tanques israelenses perto da fronteira com Gaza - Ilan Assayag/Xinhua

Por isso, o caminho que deve ser trilhado é o de informá-los de maneira apropriada, com linguagem adequada à faixa etária, com apoio da fala de especialistas e, muitas vezes, com suporte de material visual. No caso do Oriente Médio, por exemplo, explicar o porquê do conflito, mostrando uma linha do tempo com o contexto histórico e mapas com a localização das regiões.

Além disso, é importante, sempre que possível, mostrar ações positivas, como as de solidariedade e ajuda humanitária, sendo uma oportunidade para gerar empatia e respeito – fazendo-os entender o sofrimento do próximo e os pontos de vista dos envolvidos em um conflito.

Aqui, especificamente, estamos falando da guerra no Oriente Médio, mas inúmeras outras situações evidenciam a necessidade de as crianças e jovens terem contato, desde cedo, com um jornalismo adequado à faixa etária. Podemos citar, para ficar apenas em alguns, os ataques às escolas, seus desdobramentos e temas inerentes ao assunto, como bullying e saúde mental, casos de racismo como o sofrido recentemente pelo jogador de futebol Vini Jr. na Espanha e as consequências das mudanças climáticas no nosso dia a dia.

O jornalismo adequado para a faixa etária deve possibilitar ainda que os leitores sejam protagonistas das histórias, não só enviando dúvidas e sugestões, mas dando seus próprios relatos sobre as mais diversas situações. Também os ajuda a serem agentes da mudança, afinal, o princípio do jornalismo de solução é não só apontar os problemas, mas os caminhos e possíveis soluções para resolvê-los.

Ou seja, as reflexões que surgem a partir da leitura de textos jornalísticos são caminhos que ajudam crianças e jovens a entender melhor o mundo, participar e atuar nele de forma mais empática e responsável. O bom jornalismo também é a melhor forma de combater as fakenews, o discurso de ódio e todo tipo de preconceito muitas vezes multiplicado pela desinformação.

Ao encerrarmos essa reflexão sobre a responsabilidade de informar os jovens sobre a guerra, somos confrontados com a urgência de capacitá-los não apenas como espectadores, mas como seres ativo, que tenham a possibilidade de questionar, absorver conhecimento e transformar tudo isso em ações concretas. A responsabilidade é grande, mas as possibilidades são ainda maiores.

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