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Atração eleitoral

Máquinas do PT e do PSD paulista conquistam prefeitos em busca de chance em 2024

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Novo modelo de urna eletrônica, usado pela primeira vez nas eleições de 2022 - Rubens Cavallari/Folhapress

A política passa longe de se explicar por regras previsíveis como as leis da física, mas, tão certo quanto são os efeitos da gravitação universal, sabe-se que as máquinas públicas no Brasil exercem uma força de atração diretamente proporcional ao tamanho de seus cofres e inversamente proporcional ao tempo que falta para uma eleição.

Tome-se como ilustração o caso dos prefeitos, que, ao contrário de deputados e vereadores, não precisam esperar a janela que antecede cada pleito para mudar de sigla. Para eles, a corrida municipal de 2024 já é realidade presente, não um cenário distante no futuro.

Não são poucos os que, na tentativa de melhorar suas possibilidades no pleito vindouro, decidem abandonar o partido em que estavam para se acomodar em outro —não outro qualquer, mas um que disponha de mais recursos dos fundos partidário e eleitoral, ou que comande um governo capaz de impressionar o eleitor.

O PT, por exemplo, que agora está à frente da Presidência da República, atraiu 51 novos alcaides para seus quadros, um salto de quase 30% em relação aos 183 que a sigla obteve nas urnas em 2020.

Um avanço digno de nota, mas nada que se compare ao do PSD. Dirigido por Gilberto Kassab, atual secretário de Governo da gestão Tarcísio de Freitas (Republicanos) em São Paulo, o partido multiplicou por sete o número de prefeitos no estado desde dezembro de 2022, passando de 46 para 329.

Participantes envolvidos nesse tipo de processo costumam descrevê-lo como natural e vinculado apenas às movimentações recentes da política brasileira, embora seja difícil aceitar o argumento pelo valor de face quando existem até prefeitos migrando da agremiação de Jair Bolsonaro (PL) para a de Lula.

Seja como for, que não se extraiam daí lições sobre a disputa nacional de 2026. Lembre-se que, dois anos anos antes de ser vitorioso pela terceira vez com uma candidatura presidencial, Lula viu seu partido amargar o pior desempenho desde 1996 em pleitos municipais.

Não se trata de negar alguma influência do âmbito local no federal. Mas a desconexão entre essas eleições é tão grande que siglas como DEM e MDB chegaram a ostentar mais de mil prefeituras cada uma, mas jamais encabeçaram uma chapa que conquistou no voto o direito de subir a rampa do Planalto.

Eleições municipais, afinal, não são uma espécie de terceiro turno da disputa presidencial. Contam-se aos punhados os problemas das cidades. É para eles —mobilidade, educação, saúde, moradia— que todos devem buscar soluções.

editoriais@grupofolha.com.br

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