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Um mês depois

Retaliação de Israel ao terror do Hamas avança com incerteza sobre futuro de Gaza

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Palestinos procuram por sobreviventes após bombardeio israelense em Jabalia, na Faixa de Gaza - Anas al-Shareef - 31.out.23/Reuters

A longa história de conflitos em torno de Israel, nascido em 1948 já entre as chamas da guerra, ganhou um capítulo novo em 7 de outubro, quando o grupo terrorista palestino Hamas executou um audacioso ataque contra o Estado judeu.

A barbaridade perpetrada ensejou uma necessária retaliação, mas, um mês depois, a ação militar israelense levanta mais dúvidas do que certezas acerca do futuro da Faixa de Gaza e, de forma ampla, das chances de estabilidade na mais volátil região do mundo.

Com mais de 10 mil civis mortos, em contas do Hamas aceitas em geral pela ONU, a ação militar contínua em Gaza evidentemente tem maior espaço no noticiário do que o ataque que ensejou seu estopim —o que impõe aos israelenses o desafio de manter apoios na opinião pública internacional.

Trata-se de um jogo intrincado. Israel precisa derrotar o Hamas, mas admite que mortes de civis são parte da equação. Os terroristas, por sua vez, trabalham imiscuídos na infraestrutura urbana de Gaza, como hospitais.

Até aqui, o Hamas agiu de forma previsível, transferindo a responsabilidade pelo próximo lance a Israel. O premiê Binyamin Netanyahu faz o que sabe, e o torniquete militar a se fechar sobre Gaza é algo inaudito na história local.

Os EUA correm para que o aliado não seja totalmente alienado pela violência de sua reação, sem muito sucesso até aqui. Washington, contudo, está sendo essencial para evitar o alastramento do conflito.

O fez sacando suas armas, no caso porta-aviões e até um poderoso submarino de propulsão nuclear, visando dissuadir o Irã de escalar a situação. Deu certo por ora: os prepostos de Teerã, Hezbollah libanês à frente, incrementaram sua troca de fogo com Israel, mas nada que sugira uma ação total.

O problema, porém, se chama Gaza. Tel Aviv não parece ter um plano sobre o que fazer se lograr o desmantelamento ao menos da força militar principal do Hamas.
Netanyahu falou em controle por tempo indefinido da segurança na área, isso depois de seu ministro da

Defesa ter negado intenção de gerir a vida local. É uma conta que não fecha, ainda que os israelenses insistam em que não querem voltar à ocupação total que exerceram de 1967 a 2005 em Gaza.

Soluções com a corrupta e impopular, ainda que legítima, Autoridade Nacional Palestina parecem fora do esquadro, e a ineficácia usual da ONU desencoraja a ideia de forças internacionais na região.

Com tanta incerteza, mesmo que Israel pareça próximo de uma vitória inicial em sua operação na região norte da Faixa de Gaza, segue elevado o risco de as centelhas oriundas de ruínas incendiarem o restante do Oriente Médio.

editoriais@grupofolha.com.br

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