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Apagão climático

Caos após tempestade em SP exige ações rápidas e duradouras para fenômenos naturais

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Árvore caída sobre carro na rua Bresser, zona leste de São Paulo (SP) - Ronny Santos/Folhapress

A região metropolitana de São Paulo começou a semana com pelo menos 500 mil endereços comerciais e residenciais sem energia elétrica. Em algum momento do fim de semana, cerca de 4,2 milhões de domicílios no estado ficaram sem luz. Os apagões chegaram a durar quase três dias para muitas pessoas.

Na capital, uma tempestade com ventos de mais de 100 km/h desencadeou o caos que se seguiu, levando moradores e comerciantes de muitos bairros a perder toneladas de alimentos refrigerados e, aos milhares, a conexão via internet com o resto do mundo.

As rajadas excepcionais também arrancaram a tampa que encobria duas limitações estruturais da maior metrópole do país: São Paulo revelou-se despreparada para eventos climáticos que podem se tornar cada vez mais radicais e constantes; e convive com um problema bilionário, de difícil solução, que emaranha fios elétricos e de internet a suas árvores.

Desta vez, a tempestade não atingiu somente moradores das periferias, que sofrem há anos com enchentes e a morosidade municipal e estadual para solucionar o problema. Ela castigou milhões de pessoas em bairros ricos e de classe média, com grande repercussão. A reação dos responsáveis, no entanto, leva a crer que São Paulo pode ser obrigada a se acostumar a isso.

A prefeitura paulistana e a Enel, concessionária italiana que atende a capital e 23 municípios da região metropolitana, deram respostas práticas lentas ao ocorrido, e insatisfatórias visando o futuro.

A cidade tem cerca de 750 mil postes e, sob responsabilidade da Enel, 43 mil km de fios. Só 6% são enterrados, e estima-se em R$ 170 bilhões o investimento necessário para completar este trabalho.

O resto da fiação disputa o espaço aéreo com galhos e árvores que carecem de um programa mais robusto da prefeitura para podas e, em alguns casos, cortes radicais.

Falta ainda mais fiscalização municipal contra fiações irregulares, geralmente de internet, que sobrecarregam o cipoal de cabos e equipamentos pendurados nos postes. Só 92 multas foram aplicadas contra esse tipo de infração em 2022, somando menos de R$ 100 mil.

Com as falhas na prevenção e no reestabelecimento da rede, é preciso agora que se cobre do órgão regulador um plano de longo prazo, que reúna concessionária e prefeitura. Essa responsabilidade é da Agência Reguladora de Serviços Públicos do Estado de São Paulo (Arsesp), que tem delegação da agência federal, a Aneel, para supervisionar 14 concessionárias.

O tempo vai demonstrando que eventos climáticos extremos serão cada vez mais frequentes, e que é preciso estar preparado. Fornecer luz e água é o mínimo que se espera.

editoriais@grupofolha.com.br

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