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Daniel Zohar Zonshine

Combate é contra o Hamas, não contra os palestinos

Israel tem direto à defesa e o dever de evitar que o horror se repita

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Daniel Zohar Zonshine

Embaixador de Israel no Brasil

Há um mês, o Hamas iniciou uma guerra contra Israel e o povo israelense. O ataque foi brutal, cruel e dirigido contra a população civil nas cidades, nos kibutzim e em outras comunidades agrícolas, bem como contra jovens que participavam de um pacífico festival de música e motoristas que trafegavam inocentemente nas estradas circunvizinhas.

Mais de 1.400 pessoas —dentre israelenses, brasileiros, argentinos, tailandeses, nepaleses, alemães, americanos e de muitas outras nacionalidades— foram assassinadas naquele dia 7 de outubro.

O embaixador de Israel no Brasil, Daniel Zohar Zonshine, na residência oficial em Brasília - Sérgio Lima - 12.fev.22/Folhapress - Séfgio Lima/Folhapress

A organização terrorista Hamas tem apenas um objetivo —e ele não é o de proporcionar uma vida melhor ao povo da Faixa de Gaza, local que governa há 16 anos (desde 2007). Seu objetivo fundamental é a destruição de Israel. Isso está explícito na sua Carta Fundamental (isto é, sua "Constituição"), está nos discursos dos líderes do Hamas e está na forma como agiram naquele dia em que foram matar, mutilar e torturar pessoas só porque elas eram israelenses.

O que eles fizeram é exatamente o que a ONU define como genocídio em sua "Convenção sobre Genocídio": "Atos cometidos com a intenção de destruir, no todo ou em parte, um grupo nacional, étnico, racial ou religioso".

O Hamas se utilizou das torturas mais horríveis que se possa imaginar, empregando os mesmos métodos do ISIS [sigla em inglês para Estado Islâmico], tais como decapitação, violação e mutilação de crianças na frente de seus pais, assassinando brutalmente famílias inteiras. Além disso, lançaram milhares de foguetes e mísseis contra a população civil de Israel a partir de bases de lançamento localizadas no interior de áreas residenciais palestinas.

Os terroristas também raptaram centenas de pessoas —bebês, mulheres e idosos—, mantendo-os reféns e sem permitir que a Cruz Vermelha os visitasse para verificar condições de saúde. O Hamas usa o povo palestino como escudo humano, forçando-o a permanecer nas áreas de onde dispara e lança seus foguetes, sabendo que Israel reagirá.

Antes de atacar, Israel avisou à população civil de Gaza e pediu aos palestinos civis que se afastassem daquela área, alertando-os a tempo para evitar que fossem mortos ou feridos na guerra, mas o Hamas atirou naqueles que tentaram escapar.

Que nação, em sã consciência, pode aceitar tais atrocidades contra seus cidadãos? Que nação aceitaria ter um vizinho assim como o Hamas depois de tais agressões? Israel, como qualquer outro país razoável, tem o direito de se defender e a obrigação para com o seu povo de o fazer de forma que tal atrocidade, tal horror, não se repita.

Eu realmente espero que o que o Hamas fez não seja o que meu colega palestino entenda como o caminho adequado para resolver as diferenças sobre o futuro de nossas vidas naquele pequeno pedaço de terra —tão pequeno quanto o estado de Sergipe. Eu realmente espero que os métodos do Hamas, semelhantes àqueles empregados pelo ISIS, não sejam aceitos por ele e pelas pessoas que representa.

Gostaria de acreditar que a grande maioria do povo palestino, tal como a grande maioria do povo israelense, quer viver uma vida normal, calma, em paz, educando os seus filhos para se desenvolverem, criarem coisas boas, fazerem o bem —e não para matarem os outros.

Quero dizer a meu colega palestino: temos uma questão política, não religiosa. Não vejo como o assassinato de bebês, mulheres e idosos possa ser adequado à sua causa política. Espero que ele veja as coisas como as vejo, porque a médio e longo prazo queremos viver lado a lado com os palestinos como vizinhos, como bons vizinhos. O Hamas e a sua ideologia não devem, não podem e jamais farão parte desse futuro.

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