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Mundo em guerra

Violência associada ao crime organizado no Brasil engrossa estatísticas macabras

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Soldado israelense durante ação na Faixa de Gaza, guerra que eclodiu em outubro - Exército de Israel/AFP

Guerras entre Rússia e Ucrânia e entre Israel e Hamas, confronto no Cáucaso, ameaças da Venezuela à Guiana, tensões entre as Coreias e uma miríade de embates envolvendo atores não estatais fizeram o mundo parecer um lugar muito mais perigoso neste 2023.

Não só parecer. Para além do impressionismo de um noticiário coalhado de eventos lamentáveis, o IISS (Instituto Internacional de Estudos Estratégicos, de Londres) aferiu, em seu exame anual sobre conflitos armados, a intensificação e a proliferação da violência.

]Suas contas e análises, feitas sobre bases de dados diversas, mostram que apenas no período da pesquisa (maio de 2022 a junho de 2023) houve alta de 14% no número de mortes e de 28% no de incidentes associados a ao menos 36 dos 183 conflitos ativos no mundo.

Isso sem contar, portanto, com boa parte do que a invasão russa da Ucrânia trouxe à estatística e os números avassaladores da guerra Israel-Hamas após o ataque terrorista do grupo palestino em 7 de outubro —mais de 20 mil vidas até aqui.

Ampliando a leitura, vê-se que, com a exceção de dois anos, o 1950 do início da Guerra da Coreia e o 1994 do genocídio de Ruanda, nunca houve tantas mortes em confrontos no planeta desde a Segunda Guerra Mundial (1939-45).

As contendas estão no máximo da série histórica disponível, que começa em 1975, e os incidentes violentos associados a elas, também.

Se os anos recentes marcaram a volta da disputa direta entre Estados, a exemplo do que Vladimir Putin provou como se estivesse na Europa dos anos 1930, o fator mais alarmante está na violência ligada a grupos não estatais.

Segundo o IISS, eles são hoje ao menos 497 no mundo todo, influenciando a vida de 195 milhões de pessoas —a maioria na África subsaariana, que convive com a herança de divisões coloniais arbitrárias que desaguaram em embates de caráter tribal ainda mais agudos.

Mais perturbador ainda é ver o papel do Brasil, que, assim como México e outros países da América Latina, contribui generosamente para a contabilidade macabra.

Por aqui, o problema é o crime organizado ligado ao tráfico de drogas, uma endemia da morte que colheu, no ranking particular do IISS, 8.300 vidas no país no período de sua pesquisa.

Podem ser bem mais, dado que no ano fechado de 2022 o país contabilizou um total de mais de 47 mil homicídios, mas no caso o detalhe da metodologia é quase irrelevante ante a tragédia descrita.

Ocupamos o terceiro lugar mundial em número de eventos, 10,6 mil no período, e o sexto em mortes. São contribuições desoladoras para as estatísticas de um planeta que se tornou mais violento.

editoriais@grupofolha.com.br

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