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Edilene Lôbo

Boas-vindas à ministra Vera Lúcia

Trata-se de mais um passo para mudarmos a exclusão das mulheres negras nos cargos de liderança

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Edilene Lôbo

Advogada e professora, é ministra substituta do TSE (Tribunal Superior Eleitoral)

Nesta terça-feira (6) toma posse no cargo de ministra substituta do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) a advogada Vera Lúcia Santana Araújo, mulher negra, gestora pública de larga experiência, com desempenho de importantes funções em órgãos governamentais e de defesa de direitos fundamentais.

É um orgulho, cheio de emoção, receber a ministra Vera Lúcia para, juntas, nos assentarmos no TSE. Duas mulheres negras magistradas, inaugurando um novo tempo nessa esfera judicial tão cara à democracia brasileira.

Ao fazermos história, também temos a oportunidade de rever a história.

A ministra Vera Lúcia Santana Araújo, do Tribunal Superior Eleitoral - Marcos Oliveira/Agência Senado - Marcos Oliveira/Agência Senado

Rever a história do Brasil é resgatar o lugar e a importância da mulher negra nos espaços decisórios, para que o sonho de igualdade de gênero e equidade racial saia da letra fria da lei e se aplique na realidade pulsante da vida cotidiana.

A presença da ministra Vera Lúcia tornará o TSE mais vibrante, ainda mais inclusivo e comprometido com a pauta que defendemos, com vigor: mulheres negras na fotografia do poder, para transformação da vida.

O momento é de extrema importância, porque estamos criando possibilidades para derrubar a barreira da herança estrutural de desigualdade de oportunidades. É mais um passo dado, graças ao esforço coletivo, para mudarmos a insistente exclusão das mulheres negras nos cargos de liderança.

Destaco, recebendo a ministra Vera Lúcia, a necessidade desse olhar mais sensível do Poder Judiciário para as questões de gênero e de raça, em busca de reparação e promoção da diversidade, um compromisso já assumido pelo TSE na sua atuação prática que ganha ainda mais vigor no ano de eleições.

O Judiciário precisa dessa oxigenação que a entrada de pessoas que conhecem outras realidades traz, principalmente da população negra do país, compondo a imensa maioria da brasilidade.

Notadamente não estamos na quantidade que faça justiça ao quanto representamos, mas nossos passos seguem firmes. Hoje é mais um passo nessa caminhada, que vem de longe.

Espaços decisórios nos foram negados historicamente, mas, mesmo assim, chegamos até aqui num esforço de muitas, abrindo caminhos para que outras mulheres negras ocupem cadeiras também no Legislativo e no Executivo, que têm a mesma realidade de pouca representatividade feminina e negra, clamando por mudança.

A ocupação dos espaços de poder é a ação mais correta para garantir que as nossas vozes sejam ouvidas e consideradas, com cada uma de nós trazendo perspectivas únicas, com experiências raras na vivência da pluralidade brasileira, que precisam ser aproveitadas.

Nossa luta é por inclusão, é por cidadania, é por justiça. E que assim seja até o ponto de virar rotina e não mais exceção; nossos corpos e vozes em todos os espaços.

Sua chegada é um exemplo para milhares de meninas e mulheres negras, uma inspiração. Também uma afirmação de nossas capacidades, potências, inteligências e possibilidades de sermos absolutamente tudo o que desejarmos.

Bem-vinda! Vamos juntas! Sejamos muitas!

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