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Bravata perigosa

Trump choca ao não apoiar defesa de aliados da Otan e sugerir ataque de Putin

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Donald Trump, ex-presidente dos Estados Unidos - Julia Nikhinson/AFP

Ao longo de seus turbulentos anos à frente da Casa Branca, Donald Trump mostrou-se um aliado inconfiável e dado a bravatas na sua relação transatlântica, o esteio da segurança do Ocidente.

São memoráveis as expressões de pasmo de líderes como a alemã Angela Merkel em cúpulas e o diagnóstico, do ainda hoje presidente francês Emmanuel Macron, de que a Otan estava em "morte cerebral".

Pois o clube militar liderado por Washington desde 1949, retirado da UTI citada por Macron pela Guerra da Ucrânia, voltou ao alvo de Trump, ora favorito a retomar o assento que está com Joe Biden.

No sábado (10), o republicano contou que havia sido questiondo certa vez se os EUA cumpririam a cláusula de defesa mútua em caso de ataque dos russos.

"Eu disse: ‘Vocês não pagaram? Vocês estão inadimplentes?’ Ele disse: ‘Sim, digamos que isso aconteceu’. Não, eu não os protegeria. Na verdade, eu os encorajaria [os russos] a fazer o que diabos quisessem. Vocês têm de pagar".

Com a diatribe, Trump conseguiu ao mesmo tempo chocar os aliados ocidentais, que fizeram predições sombrias caso o republicano volte ao poder, e avivar uma ferida.

Embora os termos sejam imprecisos, já que não há uma mensalidade a ser paga para estar na Otan e a aliança depende mais dos orçamentos nacionais de defesa, é fato que apenas 11 dos seus 31 membros cumprem a meta de gastar ao menos 2% de seu PIB com o setor.

Já foi pior. Em 2014, ano em que Moscou anexou a Crimeia e ergueu as fundações de sua guerra de 2022, eram só três países. Isso mudou.

O ano passado registrou a maior alta de investimentos da Otan desde a Guerra Fria, 8,3%. Países guinaram ao militarismo, como a Polônia, que empenhou 4% do PIB. Mesmo a lenta Alemanha, alvo preferencial de Trump por ser a nação mais rica da Europa, promete ir dos 1,57% atuais a 2% neste ano.

Mas ainda é incomparável o dispêndio dos EUA, com 70% do gasto e do efetivo da aliança, e o de seus parceiros. Assim, ao falar em não cumprir sua obrigação em caso de ataque de Vladimir Putin, Trump dá um sinal perigoso não só à Europa, mas à segurança mundial.

editoriais@grupofolha.com.br

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