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Vidas jovens

Urge investigar causas da alta de suicídios entre os brasileiros nesse estrato

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Estudantes usam celular durante intervalo das aulas em colégio de Almirante Tamandaré (PR) - Mathilde Missioneiro/Folhapress

Levantamento de dados do SUS de 2011 a 2022, feito pela Fiocruz Bahia em parceria com a Universidade Harvard, confirma a tendência de aumento de suicídios e autolesões entre os jovens brasileiros.

A taxa de pessoas entre 10 e 25 que se tiraram a própria vida teve alta anual de 6% no período, e o ritmo foi de 29% ao ano nos casos daqueles que se mutilaram.

Ainda que possam refletir uma queda na provável subnotificação desses episódios, os percentuais se mostram alarmantes.

Na população em geral, o crescimento foi menor, de 3,7% e 21%, respectivamente. O índice de autolesões reportadas entre jovens de 10 a 24 anos é espantoso, com salto de 10,7 por 100 mil habitantes em 2011 para 158,5 em 2022.

O Ministério da Saúde também emitiu alerta em 2022. Entre 2016 e 2021, a taxa de suicídios no estrato de 10 a 14 anos subiu 45% e, no de 15 a 19 anos, 49,3% —ante alta de 17,8% na população brasileira.

Urge investigar as causas desse fenômeno, e fatores socioeconômicos estão naturalmente entre as hipóteses. Sabe-se que países de média e baixa renda concentram os casos de jovens que se matam.

Globalmente, há aumento de ocorrências de transtornos psicológicos nessa faixa etária, registrado em países como Reino Unido, Estados Unidos e França.

No Brasil, pesquisa do Datafolha de 2022 mostrou que 8 em cada 10 indivíduos entre 15 a 29 anos haviam apresentado recentemente algum problema de saúde mental, como depressão, ansiedade e dificuldade de concentração.

A ciência ainda não estabeleceu uma relação causal direta, mas suspeita-se que as novas tecnologias desempenhem papel relevante nesse panorama.

A prática do bullying, antes restrita ao ambiente escolar, prolonga-se na internet. A profusão de informações e a pressão por aprovação nas redes sociais alimentam a ansiedade e o vício nas plataformas.

O lado positivo do aumento de casos notificados de suicídios e autolesões entre jovens é o estímulo à conscientização e à prevenção por parte das famílias e do Estado.

O poder público deve direcionar atenção em saúde mental para esse estrato, assim como incrementar a educação midiática nas escolas, para que os alunos aprendam a lidar com as novas tecnologias.

editoriais@grupofolha.com.br

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