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Falar salva vidas

É necessário política preventiva para lidar com alta de suicídio entre jovens

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Psicóloga atende adolescente em hospital de Curitiba (PR) - Camila Hampf Mendes/Hospital Pequeno Príncipe

O suicídio é um problema de saúde pública que não recebe atenção proporcional a sua gravidade. Segundo estimativas da Organização Mundial de Saúde, cerca de 700 mil pessoas tiram a própria vida todos os anos. São mais mortes devido a suicídio do que a malária, HIV/Aids, câncer de mama ou guerras.

Por isso, o último relatório sobre o tema da OMS, de 2019, alerta para a importância de políticas de prevenção, com foco nos estratos mais vulneráveis, como os jovens.

Dentre as principais causas de óbito de indivíduos entre 15 e 19 anos, o suicídio ocupa o quarto lugar, atrás de acidentes de carro, tuberculose e violência interpessoal. Países de baixa e média renda são mais afetados: desse tipo de morte, 77% ocorrem neles, que concentram 88% dos adolescentes que se matam.

A média global é de 9 por 100 mil habitantes. De 2010 a 2019, a taxa caiu 36%. As Américas foram a única região com alta (17%). No Brasil, o índice em 2019 foi de 6,4 (2,8 entre mulheres e 10,3 entre homens).

Aqui, os números do Ministério da Saúde mostram aumento preocupante no estrato mais jovem. Entre 2016 e 2021, a taxa na faixa etária de 10 a 14 anos subiu de 0,92 para 1,33 (alta de 45%) e, na de 15 a 19 anos, de 4,40 para 6,56 (49,3%) —avanços superiores ao verificado na população em geral (17,8%).

Na cidade de São Paulo, dados da Secretaria Municipal de Saúde indicam salto de 46,5% nos casos de autoagressão e suicídio em pessoas de até 19 anos entre 2019 e 2022. Só no primeiro semestre deste ano, já foram 1.863 ocorrências, o que supera em 87% o número verificado no mesmo período de 2019.

Tal cenário torna urgente a implementação de políticas focadas nessa faixa etária. O SUS já segue orientações da portaria de Diretrizes Nacionais para a Prevenção do Suicídio, de 2006, que inclui treinamento para detecção precoce, avaliação e tratamento de pessoas que apresentam comportamento suicida. É preciso mantê-la, reforçá-la e, talvez, expandi-la.

Já as escolas precisam atuar no combate ao bullying e com projetos de desenvolvimento de competências socioemocionais dos alunos.

Por último, é fundamental que transtornos mentais e suicídio não sejam tabus. No meio familiar e social, é preciso conversar abertamente sobre o assunto, para que jovens se sintam à vontade para relatar problemas e buscar ajuda. É mais fácil administrar aquilo que conseguimos verbalizar.

editoriais@grupofolha.com.br

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