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Cérebros perdidos

Plano para atrair pesquisadores brasileiros ao país levanta debate e dúvidas

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Pesquisadora trabalha em laboratório do Instituto Evandro Chagas, em Ananindeua (PA) - Gabriel Cabral/Folhapress

O plano do governo federal para remediar a chamada "fuga de cérebros" não foi muito bem recebido por pesquisadores brasileiros que moram no país, ao menos nas redes sociais. Pelo que foi divulgado até o momento, o Programa de Repatriação de Talentos - Conhecimento Brasil suscita mais dúvidas do que certezas sobre sua qualidade.

Para atrair aqueles que foram para o exterior realizar pós-graduação e não retornaram, serão concedidas bolsas de R$ 13 mil a doutores e de R$ 10 mil a mestres, além de R$ 400 mil por pesquisa para compra de equipamentos.

Os projetos terão quatro anos, prorrogáveis por mais um. A verba, estimada em R$ 1 bilhão, virá do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico.

Segundo o Ministério da Ciência e Tecnologia, há 35 mil pesquisadores brasileiros em outros países; a meta é atrair até 1.000 pesquisas, que serão realizadas em Instituição Científica, Tecnológica e de Inovação (ICTs) ou empresas. Esse aspecto ao menos indica pragmatismo —expansão tecnológica e dinamização da economia.

As ICTs, previstas em lei, são entidades públicas ou privadas sem fins lucrativos que têm como missão institucional a pesquisa básica ou aplicada ou o desenvolvimento de produtos, serviços ou processos. O objetivo é gerar conhecimento para atender necessidades do mercado e da população.

Apesar do direcionamento dado à inovação tecnológica associada à atividade econômica e à realidade dos brasileiros, o programa parece modesto e apresenta lacunas.

Os valores são suficientes para atrair pesquisadores de ponta? O que eles farão após o término dos contratos? Há espaço no mercado e na academia para absorvê-los?

Antes de mais nada, é importante evitar a fuga de cérebros. Para isso, urge discutir o financiamento público do ensino superior e a dificuldade para estabelecer parcerias público-privadas na graduação e na pós-graduação.

No entanto esse debate é rechaçado por motivações ideológicas e corporativistas, tanto por governos petistas quanto por entidades de professores e estudantes, que seriam os maiores beneficiados.

editoriais@grupofolha.com.br

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