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Renda cresce; avanço dependerá mais do PIB

Bolsa Família contribui para incremento de indicadores, mas progresso social está condicionado a empregos melhores

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Fila para pagamento do Bolsa Família, em São Paulo (SP) - Danilo Verpa - 20.mar.23/Folhapress

Depois da grande recessão de 2014 a 2016, de anos de economia estagnada e da catástrofe da Covid-19, observa-se enfim melhora mais sólida nos indicadores socioeconômicos, como evidencia a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) do IBGE relativa a 2023.

Mais relevante do que o expressivo aumento da renda em relação a 2022, ainda marcado pelos efeitos da pandemia, foi o progresso em relação a 2014, último ano de um ciclo de bonança, e a 2019.

Altas dos ganhos do trabalho, do número de empregos e do valor e da extensão do Bolsa Família são os motivos da recuperação.

O rendimento médio mensal real domiciliar per capita, de R$ 1.848, subiu 11,5% ante 2022, quando equivalia a só R$ 1.658. Mas houve avanços em relação aos anos melhores de 2014 (R$ 1.727) e 2019 (R$ 1.744), de 7% e 6%, respectivamente.

A renda dos 10% mais pobres do país aumentou 53,3% em comparação com 2019; entre aqueles na faixa de 10% a 20% mais pobres, 23%. Cerca de 19% dos domicílios recebem Bolsa Família, um número recorde para um benefício também no seu valor mais alto.

De 2022 para 2023, a despesa do governo com o Bolsa Família passou de R$ 93,7 bilhões para R$ 169,1 bilhões, em valores corrigidos pela inflação. Trata-se de montante equivalente ao de todos os rendimentos, do trabalho, de benefícios sociais ou outros, recebidos pelo quinto mais pobre da população.

A desigualdade, que se manteve estável, poderia ter aumentado ligeiramente não fosse o Bolsa Família, pois a renda do trabalho cresceu mais para os mais ricos.

Depois da piora acentuada durante anos de crise, a desigualdade voltou praticamente aos níveis ainda elevados de 2014 e 2015.

O rendimento médio do 1% mais rico é 98,4 vezes o dos 10% mais pobres. Em média, uma família hipotética de três pessoas do décimo mais pobre da população recebia R$ 630 mensais em 2023, menos da metade do salário mínimo vigente na maior parte do ano passado.

A disparidade entre as regiões é também notável. No Nordeste, o rendimento médio era 51,2% do verificado no Sudeste; no Norte, 58,2%. Há algum equilíbrio entre as demais regiões.

Um motivo da desigualdade pode estar na falta de empregos. No Nordeste, apenas 37,8% da população tinha rendimentos do trabalho, ante 46% da média nacional, 51,1% no Centro-Oeste e 49,7% no Sudeste. Do total de ganhos, 65,7% vêm do trabalho no Nordeste; na média do país, 74,2%.

O Bolsa Família evitou escalada da pobreza e da desigualdade. O programa pode ser aperfeiçoado. Para que sobrevenha progresso maior, porém, é preciso mais emprego, com crescimento do PIB.

editoriais@grupofolha.com.br

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