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O que a Folha pensa mudança climática

Calafrios climáticos

Cenários da crise ambiental se agravam com a perda de geleiras em várias regiões

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Helicóptero sobrevoa geleira que está derretendo na Antártida - Instituto Polar Francês Paul-Èmile-Victor (IPEV)/AFP

Proliferam registros sobre eventos extremos do clima, como inundações, deslizamentos de terra e ondas de calor. Menos perceptível para o público se mostra o derretimento de geleiras, com o efeito temível de elevação dos mares.

Várias notícias preocupantes têm surgido nesse campo de pesquisa. A mais recente indica que geleiras do Alasca recuam mais rápido do que se previa e, pior, que tal deterioração pode se tornar irreversível.

O Campo de Gelo de Juneau perdeu já um quarto do volume que tinha no século 18. Entre 2010 e 2020, a velocidade de derretimento duplicou. Toda essa água foi parar no mar, elevando seu nível —outro fator a contribuir é o aumento da temperatura dos oceanos, que expande o volume do líquido.

Não é só o Alasca. Plataformas de gelo da Groenlândia perderam 35% da massa em quatro décadas, pondo em risco seu papel de freio à marcha das geleiras rumo ao oceano. Se tais torrentes também se acelerarem, cada vez mais icebergs se desprenderão e derreterão.

Igualmente inquietantes são estudos mostrando que estão se desfazendo por baixo os glaciares da Antártida, continente do polo Sul onde se encontra a maior massa de gelo do planeta. Essa camada de água funciona como lubrificante que facilita o deslizamento do gelo, mais uma vez, até o mar.

De 2006 a 2018, as águas costeiras subiram em média quase 4 milímetros por ano, o triplo da velocidade observada entre 1901 e 1971.

Até 2100, estimam os cientistas, a elevação ficará entre 0,5 e 1 metro, a depender do quanto se consiga reduzir a emissão de gases do efeito estufa. Se cumprida a meta mais estrita do Acordo de Paris (2015), a de não ultrapassar 1,5ºC de aquecimento, a alta dos oceanos ficaria naquele meio metro.

Dá-se como certo que esse limite de segurança será cruzado, para apreensão de países insulares cujas populações serão gravemente flageladas. No Brasil, 1 milhão de pessoas estão sob ameaça nos litorais; no mundo todo, 300 milhões.

A combinação de alta do mar com chuvas torrenciais, como as que afogaram Porto Alegre, pode produzir cenas trágicas de alagamentos. Um futuro de dar calafrios.

editoriais@grupofolha.com.br

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