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Kamala Harris pode ser mais progressista do que Biden na economia

Ex-senadora da Califórnia já pediu mais impostos e aumento nos investimentos em moradia

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Alan Rappeport
Washington | The New York Times

No primeiro debate presidencial democrata em 2019, Kamala Harris, na época senadora pela Califórnia, lançou uma crítica contundente à economia do então presidente Donald Trump.

A futura vice-presidente dos Estados Unidos rotulou os cortes de impostos de Trump como um "presente para os ricos", argumentou que o mercado de ações em alta estava deixando a classe média para trás e alertou que a agenda comercial do republicano estava prejudicando os agricultores do país.

"Francamente, esta economia não está funcionando para as pessoas que trabalham", disse Harris. "Por muito tempo, as regras foram escritas a favor das pessoas que têm mais e não a favor das pessoas que trabalham mais."

À esquerda, Kamala Harris veste terninho azul escuro e blusa branca. Ela é uma mulher negra, de pele clara, e cabelos lisos e escuros. Biden está à direita, de braços cruzados. Ele veste paletó azul marinho, camisa branca e gravata azul.
Presidenciável democrata Kamala Harris fala durante coletiva de imprensa em Wilmington (EUA), em agosto de 2020 - Olivier Douliery/AFP

Enquanto Harris se prepara para potencialmente substituir o presidente Joe Biden na chapa democrata, ela agora enfrenta o desafio de articular sua própria visão para conduzir uma economia que ainda está lidando com a inflação, ao mesmo tempo em que tenta se distanciar das ideias de Trump, que prometeu mais cortes de impostos.

Harris tem sido uma defensora da agenda econômica da Casa Branca durante a administração Biden, promovendo os benefícios de legislações como a Lei de Redução da Inflação. Mas como procuradora-geral e senadora, ela foi mais progressista do que o presidente, defendendo benefícios fiscais mais generosos para os americanos da classe trabalhadora e bancando-os com aumentos de impostos para empresas.

Nas últimas semanas, Harris embarcou em uma "turnê de oportunidades" econômicas, argumentando que os aumentos salariais têm superado a inflação, que os empregos na indústria estão crescendo e que os democratas têm lutado para perdoar dívidas estudantis. Esses argumentos agora antecipam o discurso que ela fará aos eleitores enquanto concorre contra Trump.

Aqui estão algumas posições que Harris já adotou sobre a economia.

IMPOSTOS

Como candidata à presidência, Harris propôs substituir os cortes de impostos de Trump de 2017 por um crédito tributário mensal reembolsável no valor de até US$ 500 (R$ 2.777) para pessoas que ganham menos de US$ 100 mil (R$ 555 mil) ao ano.

A política, conhecida como Lei Lift the Middle Class ("impulsione a classe média"), foi anunciada em 2018 e tinha como objetivo lidar com o aumento do custo de vida, fornecendo às famílias de classe média e trabalhadoras dinheiro para ajudar a pagar despesas cotidianas. Ela a apresentou como uma forma de reduzir a lacuna de riqueza nos Estados Unidos.

Em 2019, Harris propôs aumentar os impostos sobre heranças dos ricos para financiar um plano de US$ 300 bilhões para aumentar os salários dos professores, no que seria o "maior investimento federal nos salários dos professores na história dos EUA". O projeto teria dado aumento salarial médio de US$ 13.500 (R$ 75 mil) aos professores nos EUA.

Biden e Harris tiveram algumas diferenças ao disputar a indicação democrata. Harris queria aumentar a alíquota do imposto corporativo para 35% em vez de 21%, mais do que os 28% que Biden havia proposto.

HABITAÇÃO

Na semana passada, a administração Biden propôs um plano para obrigar os proprietários de imóveis corporativos a limitar os aumentos de aluguel a 5% e pediu ao Congresso que apoiasse investimentos em unidades habitacionais mais acessíveis.

Harris tornou a habitação acessível uma prioridade durante seu mandato no Senado e sua campanha presidencial, mas adotou uma abordagem diferente. Ela propôs a "Lei de Alívio de Aluguel", que teria fornecido créditos tributários reembolsáveis permitindo que inquilinos que ganham menos de US$ 100 mil (R$ 555 mil) ao ano recuperassem os custos de moradia que excedem 30% de suas rendas.

Para ajudar os mais pobres, Harris também pediu financiamento de emergência para pessoas em situação de rua e para gastar US$ 100 bilhões (R$ 555 bilhões) em comunidades onde as pessoas tradicionalmente não conseguiam obter empréstimos.

COMÉRCIO

Durante um debate nas primárias democratas no final de 2019, Harris chamou Trump de "errático" na política comercial e disse que suas guerras tarifárias prejudicaram os agricultores de soja em Iowa, que enfrentaram retaliação estrangeira. Harris disse que estaria focada em fortalecer as exportações americanas e declarou: "Eu não sou uma democrata protecionista."

Quando se tratava da China, Harris disse que o país precisava ser responsabilizado por roubar propriedade intelectual e despejar exportações fortemente subsidiadas nos mercados estrangeiros.

Na semana passada, Harris ecoou sua crítica anterior a Trump ao discutir seu plano de impor tarifas de 10% sobre todas as importações para os Estados Unidos. Ela disse que tal política inflaria o custo de gasolina, alimentos e roupas.

"Suas tarifas aumentariam o custo de despesas cotidianas para as famílias", disse Harris em um evento na Carolina do Norte.

REGULAÇÃO

Harris, que atuou como procuradora-geral da Califórnia de 2011 a 2017, também se concentrou fortemente na proteção do consumidor. Em 2016, ela ameaçou a Uber com ação legal caso a empresa não removesse carros autônomos das estradas do estado.

Após a crise financeira de 2008, ela retirou a Califórnia de um acordo nacional com grandes bancos, aproveitando seu poder para obter mais dinheiro dos principais credores hipotecários. Mais tarde, ela anunciou que os proprietários de imóveis da Califórnia receberiam US$ 12 bilhões em alívio hipotecário sob o acordo.

No entanto, Harris enfrentou críticas por não processar o OneWest Bank ou seu CEO na época, Steven T. Mnuchin, depois que o Departamento de Justiça da Califórnia descobriu que havia cometido "má conduta generalizada" em suas práticas de execução hipotecária. Mnuchin acabou se tornando secretário do Tesouro de Trump.

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