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O que a Folha pensa violência

Saldo sangrento

Após um ano, Justiça ainda não puniu responsáveis por mortes na Operação Escudo

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Detidos pela polícia são levados à delagacia durante Operação Escudo, em Guarujá (SP) - Danilo Verpa/Folhapress

No dia 27 de julho, completou-se exato um ano do assassinado do policial Patrick Bastos Reis em Guarujá, no litoral paulista. O evento trágico fez com que a Segurança Pública de São Paulo deflagrasse na região a Operação Escudo, que gerou um resultado sangrento.

Mesmo assim, a Justiça protela a punição dos responsáveis. Até a semana passada, só um cabo e um capitão da PM foram denunciados.

Dados oficiais indicam 93 mortos pelas forças de segurança —110, caso sejam contabilizadas todas as mortes por policiais na Baixada Santista desde julho de 2023, até por agentes de folga. E parte considerável desses óbitos possui características de execução sumária.

As ações foram motivadas por vingança, tanto por assassinatos de policiais quanto pela lentidão das investigações desses crimes.

Retaliação, contudo, não é justificativa aceitável para mobilizar o aparato policial do Estado. Operações devem ser planejadas com inteligência, a partir de diagnósticos precisos e observância de protocolos de segurança. Caso contrário, vidas de civis e também dos agentes são colocadas em risco.

Se as investigações sobre as mortes de PMs no litoral paulista não encontraram ainda desfecho oficial, os processos sobre os quase cem mortos pelas forças de segurança avançaram muito menos.

Famílias das vítimas têm realizado diligências por conta própria, como busca por testemunhas, dado que somente uma pequena parcela dos policiais usava câmeras corporais durante as operações.

Há um padrão observado nas mortes por agentes. As cenas de crime não são preservadas e os corpos são retirados dos locais das ocorrências, o que dificulta a realização de perícias; câmeras, quando utilizadas, têm as imagens borradas. Ademais, familiares das vítimas são intimidados por policiais, até mesmo com entrada em domicílio sem mandato.

Cabe à gestão de Tarcísio de Freitas (Republicanos) punir esse comportamento com rigor. O judiciário e órgãos de controle interno e externo da polícia não podem se amedrontar na busca pela verdade. No estado de direito, não há espaço para a vingança.

editoriais@grupofolha.com.br

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