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Fome e Bolsa Família

Insegurança alimentar cai, mas é preciso reduzir dependência em programa social

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Distribuição de sopa a moradores de ocupação na zona norte de São Paulo (SP) - Lalo de Almeida/Folhapress

O Brasil continua fazendo parte do grupo que integra o Mapa da Fome das Nações Unidas. Em novo relatório do organismo, com dados relativos ao triênio 2021-2023, o país figura com 39,7 milhões de pessoas em insegurança alimentar. A boa notícia é que, em relação ao período de 2020 a 2022, quando 70,3 milhões estavam nesta situação, houve queda de 44%.

A ONU qualifica a insegurança alimentar como "moderada" e "grave". Na primeira, há redução na quantidade ingerida e incerteza sobre o acesso a alimentos. Na segunda, ocorrência de um ou mais dias sem comida. Esta ainda afeta 14,3 milhões de brasileiros, ou 6,6% da população —ante 21,1 milhões (9,9%) no relatório anterior.

A redução entre os levantamentos do órgão pode ser explicada principalmente por dois fatores: o relaxamento, em 2022, das medidas mais restritivas impostas pela pandemia da Covid-19 e o aumento, naquele ano eleitoral, dos valores pagos pelo Bolsa Família.

O triênio 2021-2023 computa dois anos (2022 e 2023) em que o principal benefício social aos mais pobres no país foi reajustado para cerca de R$ 600. Na pesquisa anterior, apenas o ano de 2022 continha o valor neste patamar.

Os dados demonstram claramente a importância do Bolsa Família para que os brasileiros menos favorecidos consigam o básico: comer.

O lado negativo dessa moeda é a constatação de quão dependente o Brasil se tornou de um programa social para que parcela significativa da população possa sobreviver.

Em muitos estados do Norte e Nordeste há hoje, perturbadoramente, mais beneficiários do Bolsa Família do que trabalhadores com carteira assinada, o que revela a falta de dinamismo da economia.

O governo Lula (PT) comemorou os números da ONU e estima que o país deixará o Mapa da Fome ao seu término, em 2026. Até lá, com o Bolsa Família turbinado, isso é bastante factível.

O fundamental, porém, seria Lula ajustar as contas públicas e criar um ambiente econômico que permita aos brasileiros ter melhores empregos e ganhar mais, abrindo portas de saída para quem ainda depende de programas sociais.

editoriais@grupofolha.com.br

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