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O que a Folha pensa violência

PM sangrenta

Em meio a mudança na cúpula, ação em SP mancha trajetória de queda da letalidade

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Movimentação de policiais militares durante a Operação Escudo, em Guarujá (SP) - Danilo Verpa - 31.jul.23/Folhapress

Em apenas 18 dias, 31 pessoas foram mortas em supostos confrontos com a Polícia Militar de São Paulo. Esse foi o resultado aterrador, contabilizado até quarta (21), da Operação Verão, deflagrada no dia 3 na Baixada Santista.

Trata-se da segunda ação mais mortífera da corporação paulista, superada apenas pelo massacre do Carandiru em 1992, que vitimou 111 presos. Outra operação recente fica em terceiro lugar. Nos 40 dias da Operação Escudo, realizada entre julho e setembro de 2023 na mesma região, foram 28 mortos.

Assim como na ação do ano passado, reportagem da Folha ouviu relatos de moradores que indicariam possíveis abusos de força.

Dado os números exorbitantes, a Operação Verão precisa ser monitorada pela Corregedoria da PM e pelo Ministério Público —que encontrou violações na ação de 2023.

As duas mancham a trajetória paulista de queda da letalidade policial, em parte impulsionada pela implantação de câmeras nas fardas dos agentes.

Entre junho e dezembro de 2020, foram 110 mortes em ações dos 18 batalhões que utilizavam a tecnologia. Já no mesmo período de 2021, foram só 17 —queda de 85%.

Segundo levantamento de dados da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo feito pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, em 2020 o estado registrou 659 mortes em intervenções policiais. Em 2021, foram 423; em 2022, 256. Contudo, no primeiro ano de gestão de Tarcísio de Freitas (Republicanos), o número subiu para 353.

A letalidade torna-se tema ainda mais preocupante diante da recente reformulação na cúpula da PM, implementada por Guilherme Derrite, secretário de Segurança.

O coronel José Alexander Freixo, sub-comandante da corporoação, foi exonerado na quarta (21). Freixo era conhecido pela defesa das câmeras e por suas críticas às operações na Baixada Santista.

Trata-se de violência e balbúrdia demasiadas para tão pouco tempo de governo —e, pelo que se noticia, há risco de crise grave na PM paulista. Tarcísio deveria reavaliar as consequências de ceder ao obscurantismo truculento na gestão de uma área tão vital.

editoriais@grupofolha.com.br

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