'Maior estadista da segunda metade do século 20', diz leitor sobre Gorbatchov

Leitores da Folha relembram papel e legado do líder soviético, que morreu na terça (30)

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São Paulo

O último líder da União Soviética, Mikhail Gorbatchov, que morreu nesta terça (30), será lembrado não só por ser papel decisivo no fim da Guerra Fria, como também por representar todo um período de mudanças não só para os territórios soviéticos.

Da Queda do Muro de Berlim à redemocratização brasileira, do McDonald's na Praça Vermelha à chegada de veículos Leda no Brasil, leitores da Folha compartilham suas lembranças da Era Gorbatchov.

Leia abaixo as respostas.

Sonhos, alívio e segurança

Lembro quando estava em Stuttgart, na Alemanha, no verão de 1988. Gorbatchov já havia começado as reformas democráticas, e o exército soviético deixava o Afeganistão. Na Europa, ainda dividida, as pessoas temiam viver os horrores de outra guerra mundial e respiravam aliviadas com a nova política do líder soviético. Visto como pacificador, grande herói para aquela geração, foi cotidianamente homenageado: renomeada, a vodka virou Gorbatchov, e todos os dias nos embriagávamos dele.
Osvaldo Alvarenga , 58, cronista (Lisboa)

Primeiro, que o nome era Gorbachev. Segundo, é claro, da Queda do Muro de Berlim. Terceiro, que vinha ao peito uma sensação de segurança invejada por meus pais. Eles não puderam sentir, nem sabiam o que era essa sensação, porque nascidos em plena Guerra Fria. Mas faziam questão de ressaltar sua existência, para que soubéssemos dar valor a ela. Nossa geração se achava melhor, mais segura, mais evoluída porque gozava melhor de paz, cria saber fazer paz. Até que o governo Trump lançou as bases da Guerra Fria 2.0.
Raphael Elias Faria Cardoso, 40, servidor público (Palmas, TO)

Era o início da minha adolescência e eu tinha sonhos. Um deles era ser piloto de avião. Lembro-me do mapa da mancha na testa era algo inusitado e parecia ser predestinado a libertar a URSS. Época boa, de muitos sonhos.
Joelson Almeida, 50, aposentado (São Paulo, SP)

Reformas

Glasnost, Perestroika e o mais memorável: as filas quilométricas no primeiro McDonald's soviético, em plena Praça Vermelha.
Eurico Neves Junior, 45, comerciante (São Paulo, SP)

Na época da Perestroika e da Glasnost, eu tinha entre 8 e 14 anos de idade. Lembro-me da importância de Gorbatchov nas reportagens, haja vista as muitas citações ao seu nome, bem como as suas aparições na TV. Havia quem pensasse que a mancha em sua testa seria algo como um sinal próprio do comunismo... Recordo das abundantes referências a Ronald Reagan no noticiário, e de como a dissolução da União Soviética foi um acontecimento estrondoso. Antes disso, a Queda do Muro de Berlim, em 1989, foi amplamente noticiada, e eu me lembro das pessoas quebrando o muro e retirando pedaços para levar consigo. Eu era muito jovem, mas era impossível não saber que algo realmente histórico estava a acontecer.
Alex Esteves da Rocha Sousa, 45, servidor público federal (Salvador, BA)

Maior estadista de segunda metade do século 20. A URSS estava numa decadência econômica. Instituiu a Glasnost e a Perestroika. Permitiu que os países do leste europeu seguissem seus caminhos, e por conseguinte ruiu a cortina de ferro e o Muro de Berlin. Permitiu a reunificação da Alemanha. Assinou acordos de redução de armas nucleares. Por fim, acabou com a Guerra Fria sem derramar sangue. Como reconhecimento, foi agraciado com o prêmio Nobel da Paz. O mundo hoje carece deste tipo de líder, que não existe mais.
Erasmo Barros Peres, 61, servidor público (São Paulo, SP)

As reformas estruturais que levaram liberdade ao povo soviético.
Leonardo Leal LIma, 48, servidor público (Campo Grande, MS)

Lada

O histórico anúncio de lançamento dos veículos Lada no Brasil que trazia a foto do líder soviético e a pergunta: "Você compraria um carro desse homem?". Na época, trabalhei na equipe responsável pela assessoria de imprensa da montadora.
Ivo Chicuta, 60, assessor de comunicação (Cotia, SP)

No Brasil

Ele esteve no Brasil após deixar o poder, depois do colapso da União Soviética. Escrevia uma coluna para o jornal O Estado de S. Paulo e esteve na Redação, cumprimentou jornalistas, teve reunião com os donos e responsáveis e foi um momento histórico para todos os envolvidos. Muitos escreviam todos os dias sobre a situação da ex-URSS. A equipe de Internacional ficou muito comovida, emocionada com a presença dele ali. Era muito diferente ter dentro do ambiente de trabalho uma figura histórica daquele porte, um gigante da política internacional perto do grupo. A equipe não foi convidada para encontrá-lo, mas alguns ficaram seguindo seus passos pelos andares, para marcar bem sua presença ali, tão perto, quando em geral tudo o que se falava e escrevia sobre ele era feito a uma distância oceânica. Foi um dia inesquecível. Ele era admirável, e, tendo enfrentado tudo o que havia passado, tinha um semblante aparentemente tranquilo. Merecia mais reconhecimento dentro do país dele, mas não teve.
Leonilda Pereira Simões, 63 (Florianópolis, SC)

Eu me recordo quando o jornalista Luiz Carlos Azenha, num furo de reportagem, efetuou uma entrevista de improviso na rua com o Sr. Gorbatchov e, inclusive, chegou a perguntar para ele quando ele iria visitar o Brasil. No que ele foi muito solícito e acho que ele chegou a responder que pretendia visitar o Brasil em breve, tão logo quanto pudesse.
Cláudio Gomes Fernandes, 62, funcionário público (Poços de Caldas, MG)

No Mundo

Esperança. Redução de armas nucleares. Pacificação. Rock in Rio 85. Trancredo/Sarney; Plano Cruzado. Fim da guerra no Afeganistão. Fim da guerra fria. Hiperinflação no Brasil Redemocratização da América Latina e do Brasil, e fim dos Governos Comunistas no Leste da Europa. Plano Collor. Eleição de George Bush (pai). Fim da Guerra Irã-Iraque. Guerra do Golfo: EUA/OTAN vs. Iraque. Fim da URSS e criação da Comunidade de Estados Independentes. Tentativa de Golpe em Gorbatchov. Divisão e Fim da URSS. Divisão da URSS em 15 países. Hiperinflação na Rússia. Ascensão de Ielstin. Democracia na Rússia. Expansão da Democracia no Leste da Europa e em todo o mundo. Expansão chinesa nos mercados do mundo. Maradona, o melhor do mundo. Milan melhor time do mundo. Rivalidade econômica entre Japão e EUA. Copa da Itália. Reunificação da Alemanha. Auge de Scorpions (fez uma música para o momento: Ventos da Mudança), Madonna, Fred Mercury, Michael Jackson.
Lenilson O. Rosa Rocha, 45, autônomo (Aparecida, SP)

No Cinema

Do filme "Corra que a Polícia vem aí" onde o Leslie Nielsen limpa a mancha da careca do Gorbatchov! Thiago Cury, 45, engenheiro químico (Uberaba, MG)

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