'Ter dinheiro faz com que limites sejam cada vez menores', diz leitora sobre turismos extremos

Leitores comentam sobre viagens ao espaço, ao fundo do mar e ao topo do Monte Everest

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A tragédia do submersível Titan completou um ano em junho. A expedição, que levaria cinco pessoas aos destroços do Titanic, afundado em 1912, implodiu antes de chegar a seu destino. O preço da aventura e da curiosidade foi a vida dos cinco passageiros.

Mesmo com o final trágico da expedição, o cofundador da OceanGate Expeditions —hoje não mais em operação—, e fundador da Blue Marble Exploration, pretende ir até o fundo do Dean’s Blue Hole (Buraco Azul do Dean), nas Bahamas. Fundo e escuro, o buraco tem 202 m de profundidade e desperta o interesse de muitos mergulhadores que querem saber o que se encontra no final dele.

Em 11 de dezembro de 2021, um foguete da Blue Origin foi lançado. A missão NS-19 levou seis pessoas ao espaço, nenhuma delas astronauta. - PATRICK T. FALLON/AFP

Em maio, a Blue Origin, empresa de Jeff Bezos, fez seu sétimo voo de turismo espacial, que levou seis pessoas ao espaço por alguns minutos. E, em terra firme, alpinistas no Monte Everest já enfrentam congestionamento pelo volume de pessoas que visitam o local, mesmo com número elevado de fatalidades a cada temporada de escalada.

À Folha, leitores contam o que acham desse tipo de viagem em que turistas muitas vezes arriscam a própria vida em nome de uma aventura.

"Acho curioso, eu não tenho muita coragem e nem recursos. Mas acredito que as pessoas que buscam esse tipo de turismo, além de terem acesso financeiro a coisas diferentes também tem algum impulso pela adrenalina. Mas me faz pensar também como ter dinheiro faz com que os limites sejam cada vez menores", diz Alice Guadalupe, atriz de 33 anos de São Paulo (SP).

Rafael Moraes, professor de 42 anos de João Monlevade (MG), também pensa no dinheiro. Para ele, esse tipo de turismo é um "total desperdício e mostra o abismo social de poucos milionários sem ter onde gastar a custa de bilhões de pessoas sem o mínimo para uma vida digna".

Em relação à aventura, diz que é uma "desvalorização da vida, pelos riscos reais", além de acreditar que isso pode ser motivado pela necessidade das curtidas em redes sociais para sentir-se vivo.

Karen Gomes Goulart, 48, de São Paulo (SP), concorda com essa tese: "A busca por likes, reconhecimento na internet, aumento de seguidores, fizeram as pessoas perderem a noção do perigo, e se mostram dispostas a passar por qualquer situação em busca de ascensão. É um perigo desnecessário."

Na contramão, Emílio de Vasconcelos Costa, 61, de Sete Lagoas (MG), diz que visitar esses lugares perigosos é "fascinante". Carlos Roberto da Silva, estudante de 21 anos de São Paulo (SP), pensa o mesmo e afirma que acha "interessante, haja vista que o ser humano pode utilizar esses ambientes extremos para ‘evoluir’ de alguma forma. Sempre medindo os pros e contras não vejo mal algum".

Esse tipo de viagem eleva a aposta de turismo radical, que busca locais para praticar algum esporte, pular de paraquedas ou fazer bungee jump, ou até mesmo andar de balão. Visitar o espaço, o fundo do mar ou o topo da montanha mais alta do planeta ainda são artes em aperfeiçoamento, e embarcar nessas viagens apresenta risco elevado à vida.

"A meu ver, existem locais que não deveriam ser explorados nem visitados", diz Daiana Lopes, professora de 38 anos de Petrópolis (RJ). "Percebo que as pessoas que se colocam em situações extremas já estão com excesso de adrenalina".

Confira outras respostas:

"Acho que cada um é responsável pelo que faz... Se há risco de morte e mesmo assim a pessoa insiste em tal ação, ela deve estar ciente de que é ela que está se colocando neste lugar. De qualquer forma, acho que tudo o que é 'demais' faz mal!"
Larissa Asbahr, 21, Limeira (SP), auxiliar de laboratório

"Um pleno desperdício de dinheiro, inacessível para a população, desinteressante, com o perdão da palavra, frescura de quem tem muito mais do que precisa, desnecessário e arriscado"
Ícaro Lima Santos, 24, Diadema (SP), empreendedor

"Acho que os seres humanos tentam preencher vazios dentro de si mesmos. De certa forma um egocentrismo. Pode ser que seja apenas espírito aventureiro."
Keila Nafiali de Oliveira, 36, Bertioga (SP), pedagoga

"Eu não faria, acho excêntrico colocar a vida em risco por uma emoção momentânea ... Não é para mim."
Suely Gonçalves Verdadeiro, 59, São Carlos (SP), administradora de empresas

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