Atuação profissional faz diferença na informação 

Práticas e técnicas visam garantir relato confiável de fatos relevantes 

São Paulo

A nova versão do "Manual da Redação"
A nova versão do "Manual da Redação" - Gabriel Cabral/Folhapress

Na origem de um manual voltado à Redação de um jornal está a necessidade de esclarecer dúvidas frequentes, a fim de evitar erros e dar unidade ao conteúdo publicado.

A essa função se somam outras duas, tão ou mais importantes que a primeira: indicar procedimentos aconselháveis para os jornalistas e consolidar práticas de um determinado veículo.

Se essas funções já eram relevantes em 1984, ano da primeira edição do Manual da Redação, elas se tornam ainda mais importantes hoje, quando informação, entretenimento, publicidade e notícias falsas se misturam no ambiente da internet.

Essa preocupação consta do Projeto Editorial da Folha, publicado um ano atrás e incluído no novo Manual.

De acordo com aquele documento, produtores de conteúdo de qualidade e registro histórico como a Folha têm o desafio de fazer prevalecer os valores do jornalismo profissional na cacofonia própria do meio digital.

Isso significa seguir um conjunto de regras técnicas e padrões de conduta que garantam relatos confiáveis de fatos considerados relevantes.

No caso específico da Folha, significa também praticar um jornalismo crítico, plural e apartidário.

A nova edição do Manual reúne, no capítulo Prática, essas diretivas sedimentadas pela experiencia.

Nele o leitor encontrará não apenas verbetes com orientações para situações específicas mas também um resumo dos procedimentos indicados para cada fase da produção jornalística.

As recomendações começam pelas atividades que antecedem a apuração. Englobam, por exemplo, organização pessoal, participação de reuniões e seleção de pautas.

O passo seguinte é a apuração em si, com consulta a pessoas e documentos, cruzamento de informações (submetendo-a a verificação independente), checagem de dados pontuais e procura por esclarecimentos da parte potencialmente afetada o chamado outro lado.

Uma terceira etapa da produção jornalística é o relato da notícia. Seja qual for o formato texto escrito, vídeo, áudio, infografia, o profissional da Folha deve manter a norma culta como referência e se preocupar, entre outras coisas, em ser tão exato, claro e didático quanto possível.

A edição desse material é a quarta etapa desse processo. Envolve hierarquizar as informações, organizá-las da melhor maneira e apresentá-las de forma atraente.

Com o advento da internet, espera-se que os jornalistas também se envolvam em uma quinta e última etapa. Trata-se de participar da distribuição de conteúdos, avaliar o material publicado e planejar os próximos passos.

O capítulo Prática traz ainda, em verbetes, uma série de diretrizes para normatizar a atividade dos profissionais da Folha, com o objetivo de garantir a qualidade.

Há, por exemplo, regras restritivas para uso da chamada informação off-the-record (cuja fonte é mantida no anonimato) e para reprodução entre aspas de declarações.

Os verbetes também trazem informações sobre o jargão jornalístico, como barriga (publicação sem má-fé de informação que se revela falsa) e furo (informação relevante publicada com exclusividade por um veículo).

 

OS MANUAIS DA FOLHA

Edições foram aprimoradas e incorporaram novidades

Gabriel Cabral/Folhapress

1984

91 páginas

O primeiro Manual Geral da Redação traduzia em normas empíricas e simples a concepção de jornal que a Folha praticava e tinha como objetivo definir conceitos e orientar os jornalistas, além de servir como base para discussões sobre os problemas do dia a dia. Era organizado por verbetes em ordem alfabética. Foi o primeiro best seller do gênero

Gabriel Cabral/Folhapress

1987

214 páginas

O volume, revisado e ampliado, foi feito à luz da experiência dos três anos anteriores sob vigência do primeiro Manual, com a inclusão de casos omitidos na versão inicial e de situações novas ou antes imprevistas. Passa a ser organizado por capítulos, que reúnem normas e esclarecimentos referentes a temas definidos.

Gabriel Cabral/Folhapress

1992

331 páginas

Difere substancialmente dos anteriores. Apresenta normas mais flexíveis e nuances antes repelidas, apostando na iniciativa e no discernimento individuais, na inventividade das soluções em cada caso e na disposição para manter o jornalismo em aperfeiçoamento constante. É organizado por capítulos e ganha um anexo sobre princípios jurídicos.

Gabriel Cabral/Folhapress

2001

388 páginas

Além trazer os princípios que norteiam o jornalismo da Folha, procurou também atender ao interesse dos leitores que usam o Manual como fonte de consulta. Para isso, ganhou mais anexos (médico, econômico, religiões, entre outros). Acompanha o Manual de 1992 na tendência de flexibilização progressiva das normas presentes nas edições de 1984 e 1987.

Gabriel Cabral/Folhapress

2018

486 páginas

Tem novidades significativas na forma e no conteúdo, incluindo as transformações impostas pela internet. Traz pela primeira vez capítulos destinados a Conduta, Prática e Estilo, além dos novos anexos Ciência e ambiente, Educação, Tecnologia e Poder Executivo. O Manual também registra o Projeto Editorial da Folha, de 2017, e seus 12 princípios.

 

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