De índio a trans, eleitos de grupo pró-renovação miram Congresso

Raps seleciona 102 novos líderes e calcula ter 50 candidatos viáveis

O líder indígena Almir Suruí, em Rondônia
O líder indígena Almir Suruí, em Rondônia; filiado à Rede, ele planeja concorrer à Câmara - Lalo de Almeida - 24.jul.2017/Folhapress
Joelmir Tavares
São Paulo

Espécie de "embrião" de movimentos como o Agora!, o Acredito e o Brasil 21, a Raps (Rede de Ação Política pela Sustentabilidade) anunciou nesta quarta-feira (31) uma lista de 102 pessoas de todo o Brasil em quem apostará para as próximas eleições.

Criada em 2012 por um dos fundadores da Natura, Guilherme Leal ---que foi candidato a vice de Marina Silva (Rede) em 2010---, a entidade fez a escolha após um processo iniciado em novembro com mais de mil inscritos. Os novos "líderes Raps", como são chamados, se somam a outros 210 que entraram para o grupo nos últimos anos.

Entre os selecionados estão o líder indígena Almir Suruí, o pernambucano João Campos, filho do ex-presidenciável Eduardo Campos, a advogada e professora Giowana Cambrone Araujo, que é ativista transexual, o copresidente nacional da Frente Favela Brasil Wanderson Maia, o ex-ministro da Cultura Marcelo Calero e o ex-líder do Vem pra Rua, Rogerio Chequer.

A diversidade foi buscada também na filiação partidária, diz Marcos Vinícius de Campos, diretor-executivo da Raps. "Mas alguns partidos, mais comprometidos com nossos princípios e a defesa da sustentabilidade, têm maior presença", afirma. Nessa categoria estão, segundo ele, siglas como Rede (campeã de representantes, com 18), Novo, PSB e PSDB.

Na relação aparecem desde integrantes do PT, PSOL e PCdoB até DEM, MDB e PR. Dos aprovados (61 homens e 41 mulheres), 35 já ocupam postos eletivos. Só 14 dos 102 não miram um cargo no pleito de outubro. A maioria dos pré-candidatos quer disputar cadeiras no Congresso Nacional, mas também há postulantes a governos e assembleias estaduais.

Para tentar chegar lá, eles vão receber da Raps acompanhamento e cursos sobre temas políticos e eleitorais. "Um pacote de capacitação olhando para a campanha", resume Campos. A entidade trabalha ainda, segundo ele, para que a integração entre os participantes seja capaz de transformá-los em um bloco coeso, por mais que pertençam a diferentes partidos.

"Não pode ser somente um grupo de pessoas que quer ganhar eleição. Tem que ser uma rede de troca de experiências", afirma o diretor-executivo. Para o financiamento das campanhas, a organização vai incentivar que os participantes busquem doações individuais via crowdfunding. E espera que os partidos direcionem recursos dos fundos públicos também para os novatos.

Dinheiro na mesa

Na Raps, diferentemente do que ocorre no RenovaBR (grupo pró-renovação política que oferece ajuda de custo para quem quiser se candidatar ao Legislativo), "não tem bolsa, não tem dinheiro na mesa", diz Campos. A entidade, entretanto, tem programas para conceder a pequenos grupos, em parceria com outras ONGs, bolsas de até R$ 50 mil por um período de seis meses.

Já faziam parte da rede, mantida com doações, políticos como os governadores Rodrigo Rollemberg (PSB-DF) e Pedro Taques (PSDB-MT), os senadores Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e José Antônio Reguffe (DF-sem  partido), os deputados Alessandro Molon (Rede-RJ) e Mara Gabrilli (PSDB-SP) e o ex-vereador Andrea Matarazzo (PSD-SP).

No total, 130 membros indicaram que irão se candidatar (80 para o Congresso). A meta da Raps é eleger entre 40 e 50 deputados federais e até cinco senadores, de acordo com Campos.

A ideia de renovação, diz ele, passa longe do conceito de que apenas pessoas que nunca tiveram mandato devem ser eleitas. "Não dá para dizer que não há uma pessoa qualificada entre os que já são eleitos a cada dois anos no Brasil. Existe entre eles uma parte que é muito séria", afirma o diretor.

Via liberal

Outro movimento da sociedade civil interessado em levar novos nomes para as urnas ---este derivado do Vem pra Rua--- , a Frente pela Renovação divulgou nesta semana ter chegado a 300 inscritos em seu processo seletivo.

A organização, que se apresenta como suprapartidária, quer rastrear pessoas comprometidas com "propostas centro-liberais", que terão apoio do movimento para candidaturas ao Congresso. Não foi estipulada uma meta para o número de apadrinhados.

Aberto em dezembro, o prazo para inscrições se encerra no dia 14 de abril. Além do Vem pra Rua, compõem a frente: a Aliança Brasil, o Instituto de Relações Internacionais e Comércio Exterior (Irice) e o Ranking dos Políticos.

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