Facebook diz que age por notícias de qualidade

Imprensa repercute decisão da Folha de não postar em rede social

São Paulo

O Facebook afirmou, nesta quinta-feira (8), que as mudanças em seu algoritmo são "movimentos decisivos para garantir que as notícias que as pessoas veem sejam informativas e de qualidade".

O posicionamento foi uma resposta à decisão da Folha de deixar de atualizar sua página no Facebook.

AFP

A medida repercutiu em veículos de imprensa estrangeiros, como "The Guardian", "The Wall Street Journal", Bloomberg e Reuters.

"Estamos comprometidos em construir uma comunidade informada, e continuaremos a trabalhar com veículos de comunicação latino-americanos para que eles possam usar a nossa plataforma para se conectar com os seus leitores de forma relevante", disse à imprensa americana.

A distribuição de "fake news" pelo Facebook durante a disputa presidencial dos EUA em 2016, que elegeu Donald Trump, colocou a plataforma no centro do debate político. Sem conseguir apresentar uma solução satisfatória, a rede social decidiu, em janeiro, reduzir o alcance das páginas de veículos de comunicação, entre outras.

Análise feita pela Folha com base em 21 páginas que postam "fake news" e 51 de jornalismo profissional mostrou que a taxa média de interações no primeiro grupo aumentou 61,6% entre outubro do ano passado e janeiro deste ano. Já o segundo grupo registrou queda de 17%.

O jornal inglês "The Guardian" destacou que a decisão da Folha de deixar o Facebook ocorre em um momento em que cresce a preocupação com a disseminação de notícias falsas durante o período eleitoral no Brasil.

O "The Wall Street Journal" disse que a decisão está entre uma das mais visíveis respostas à mudança no feed de notícias. E acrescentou que isso ocorre em um dos países mais importantes para a empresa: a rede social tem 122 milhões de usuários ativos por mês no Brasil.

A Folha é o maior jornal brasileiro na rede social, com 5,95 milhões de seguidores.

Marcelo Rech, presidente da ANJ (Associação Nacional de Jornais), considera que as movimentações recentes do Facebook estão afastando as empresas de mídia da plataforma. Para ele, se outros veículos chegarem à conclusão de que estão tendo mais desvantagens do que vantagens, poderão seguir os passos da a Folha e deixar de postar conteúdo na rede.

O leitor Cláudio Guimarães Florenzano defendeu o jornal. "Eu sou dono de páginas, e o Facebook está se autodestruindo ao cortar cada vez mais o alcance delas. A Folha tá correta. De 6 milhões de likes só chega a menos de 1% disso o conteúdo."

CRÍTICA

Jeff Jarvis, professor de jornalismo na City University de Nova York, criticou a decisão. Para ele, a Folha está abandonando um número enorme de leitores, especialmente os mais jovens.

"Nós precisamos levar o nosso jornalismo para as pessoas onde e quando elas estiverem conversando. Nós não podemos presumir que as pessoas virão até nós para se informar", disse.

Em comentário no Facebook, a leitora Vanessa Sacavem fez análise semelhante: "O público-alvo de vocês mudou, eles não acessam mais sites lendo as notícias, eles acessam o site porque são levados até lá para ler uma notícia e aí acabam lendo outras matérias. Enfim, acho um erro gigante".

Leitores podem continuar compartilhando reportagens produzidas pela Folha nas redes sociais.

Repercussão da decisão da Folha sobre o Facebook
Repercussão da decisão da Folha sobre o Facebook - Reprodução
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