À frente da PF de 2011 a 2017, Daiello teve como características a discrição, nenhum comentário público sobre casos em andamento e a ênfase no discurso de que a PF é apartidária e fez ações que incomodaram partidos políticos diversos.
Com a posse marcada para as 10h desta sexta-feira (2), Galloro já escolheu cinco das seis diretorias vinculadas ao seu gabinete. Restou intocada apenas a Ditec (Diretoria Técnico-Científica), cujo titular escolhido por
Segovia, Amaury Martins, poderá permanecer no cargo.
Os cinco nomes deverão ser anunciados oficialmente por Galloro após a posse. Não se sabe qual será a
participação do ministro Jungmann na confirmação dos nomes ou se ele vai querer vetar as escolhas. Em entrevista coletiva nesta quarta-feira (28), Jungmann disse que escolheria as chefias na PF em conjunto com Galloro. Indagado no dia seguinte pela
Folha sobre os cinco nomes escolhidos por Galloro, Jungmann disse que o assunto ainda não foi tratado entre os dois.
A provável influência da gestão Daiello sobre a de Galloro aparece na figura do próprio novo diretor-geral, que foi diretor-executivo e “número dois” na gestão de Daiello, funcionando como seu substituto imediato.
As escolhas de
Galloro, contudo, não significam a repetição automática da outra gestão, no entender do presidente da ADPF (Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal), Edvandir Paiva. “O diretor-geral impõe seu estilo. Apesar de ter vários nomes ligados ao Daiello, ainda não dá para dizer que a gestão de Galloro será parecida”, disse Paiva.
Para Luís Boudens, presidente da Fenapef (Federação Nacional dos Policiais Federais), alguns dos escolhidos por Galloro “já eram conhecidos nossos na gestão Daiello e tiveram boa receptividade” entre os agentes, mas sobre outros ainda há expectativa sobre como vão se comportar em cargos de administração central do órgão.
SUPERINTENDÊNCIAS
O futuro responsável pela logística na gestão Galloro, Fabrício Schommer Kerber, delegado desde 2002, é conhecido na corporação por ter sido o chefe-de-gabinete de Daiello. Ele não comandou uma superintendência regional, diferentemente dos outros quatro novos diretores.
No organograma da PF há seis diretorias diretamente vinculadas à direção-geral. Na gestão Galloro, a diretoria-executiva deverá ser ocupada por Silvana Helena Vieira Borges, que foi, na gestão Daiello, superintendente da PF no Distrito Federal e coordenadora-geral de Controle de Segurança Privada.
Para um dos cargos mais poderosos da PF, a Dicor (Diretoria de Investigação e Combate ao Crime Organizado), Galloro escolheu outro delegado que tinha a confiança de Daiello e também de Segovia, pois foi mantido no cargo de superintendente da PF no DF, Élzio Vicente da Silva. Sob o guarda-chuva da Dicor estão algumas das ações mais sensíveis do órgão, como o grupo de delegados que atua em inquéritos sobre políticos no STF.
Silva atuou em diversas operações, como a Chacal, que investigou a agência de investigação Kroll, é considerado um estudioso das práticas policiais e tem amplo apoio entre os delegados.
Ex-superintendente regional na gestão Daiello em Goiás e ex-coordenador-geral de Polícia de Repressão a Entorpecentes, Umberto Ramos Rodrigues deverá ser o titular da DIP (Diretoria de Inteligência Policial). O diretor responsável por recursos humanos na PF escolhido por Galloro, Delano Bunn, também foi coordenador de recursos humanos na gestão Daiello. Em 2016, ele foi nomeado por Daiello superintendente do órgão no Ceará.
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