Descrição de chapéu Eleições 2018

Lula recebe parentes na prisão, e Justiça não autoriza visita de apoiadores

Ativista argentino Adolfo Esquivel chegou a entrar na PF, mas não pôde ver o petista; Leonardo Boff ficou do lado de fora

Katna Baran
Curitiba

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a receber a visita de parentes na manhã desta quinta-feira (19) na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba, onde está preso desde o dia 7. 

Familiares do petista entraram por volta das 9h25 no prédio da carceragem. Dois homens —um deles Fábio Luís da Silva, conhecido como Lulinha— e duas mulheres, além de uma criança, entraram pelos fundos do prédio, e passaram a pé pela entrada principal da PF, até acessar o prédio.

Ao centro, Fabio Luis, filho do ex-presidente Lula, carrega sacolas ao entrar na sede da PF em Curitiba; ele está acompanhado de duas mulheres, um homem e uma criança
Ao centro, Fábio Luís da Silva, filho do ex-presidente Lula, carrega sacolas ao entrar na sede da PF em Curitiba para visitar o pai na prisão; ele estava acompanhado de duas mulheres, um homem e uma criança - Katna Baran/Folhapress

Esta é a segunda vez que Lula recebe familiares. O dia de visitas para o ex-presidente é diferente do dos demais presos no local, para evitar que para evitar que seus parentes cruzem com familiares de seus delatores Antônio Palocci, Léo Pinheiro e Renato Duque —que podem ter visitas às quartas-feiras. 

Ganhador do Nobel da Paz, o argentino Adolfo Peréz esteve no local, mas não foi autorizado a ver Lula. Conforme justificativa de decisão do Juízo da Execução Penal, a visita não ocorreu porque o pedido deve ser apreciado em momento oportuno, inviabilizando a data estipulada por Peréz.

Conforme o Nobel, o encontro com Lula só poderia ocorrer na data de hoje, já que amanhã ele embarca de volta para Buenos Aires.

Após reunião com o Superintendente da PF, Mauricio Valeixo, Peréz deixou o prédio da instituição e visitou o acampamento pró-Lula. "Seria uma questão humanitária, de senso de justiça que me deixassem visitar Lula", se limitou a declarar à imprensa. 

O teólogo Leonardo Boff também tentou integrar a comitiva de Esquivel, mas não foi autorizado a entrar pelos policiais. Segundo ele, sua intençãoera dar assistência religiosa à Lula, o que seria previsto como direito do preso.

"Estão operando um golpe, mas não vão conseguir, porque nenhum líder atrai tantas pessoas, como estamos vendo aqui, quanto Lula", declarou Boff, que esperou do lado de fora. 

O advogado Cristiano Zanin comentou as negativas da Justiça sobre as visitas que o ex-presidente Lula receberia nesta quinta. “Os pedidos de visitas negados, principalmente do [Adolfo Peréz] Esquivel [Nobel da Paz], tinham a concordância do ex-presidente, para que ele fosse recebido na condição de amigo. Isso é uma previsão legal. Ao nosso ver, o pedido deveria ter sido deferido. Vamos ver o que aconteceu, qual o fundamento apresentado pela Justiça. Gostaríamos que prevalecesse o que está dispondo na lei, de que é direito do ex-presidente ter contato com seus familiares e amigos”, declarou.

Sobre a reação de Lula à negativa, o defensor afirmou apenas que ele aguarda para saber o fundamento da decisão judicial. “Mas é evidentemente que ele gostaria de ter recebido a visita do Esquivel, que é um amigo de longa data”, completou. ​

Na terça (17), senadores que estiveram em Curitiba fizeram uma manobra com objetivo de driblar ordem da Justiça Federal e conseguir visitar o ex-presidente na prisão.

Vestido de vermelho, o teólogo Leonardo Boff aguarda em frente ao prédio da PF, em Curitiba, pela autorização para visitar Lula, que lhe foi negada
O teólogo Leonardo Boff aguarda em frente ao prédio da PF, em Curitiba, pela autorização para visitar Lula, que lhe foi negada - Theo Marques/Folhapress

ACAMPAMENTO

Os manifestantes acampados em torno do prédio do prédio da PF mudaram novamente de lugar. 

Segundo os organizadores, o terreno escolhido inicialmente não oferecia infraestrutura e segurança necessárias. Na terça, houve relato de ataques aos manifestantes, inclusive com barras de ferro. Segundo a comunicação do movimento, duas pessoas ficaram feridas.

Segundo militantes, como o local fica próximo a uma via rápida da cidade, muitos carros passavam buzinando e protestando contra o acampamento.

Agora, os manifestantes estão divididos em dois grupos: um em outro terreno próximo à PF e outro no Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil, em Colombo, na região metropolitana de Curitiba.

Durante o dia, porém, todos continuam reunidos na quadra próxima ao prédio da PF.  Eles passam o dia em eventos organizados pelo próprio acampamento. A ideia é manter os dois locais para os manifestantes dormirem e ainda alocar um terceiro terreno, para abrigar novas caravanas, conforme os organizadores.

Tópicos relacionados

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.