Descrição de chapéu Eleições 2018

Marcha para Jesus terá Bolsonaro, Doria e França após edição esvaziada de políticos

O evento evangélico organizado pela igreja Renascer começa às 10h desta quinta (31)

Anna Virginia Balloussier
São Paulo

"Políticos evitam aparecer em Marcha para Jesus", dizia reportagem da Folha em 2016, sobre este que é o maior evento evangélico do Brasil.  

Se naquela edição, também realizada em ano eleitoral, a classe política evitou dar as caras, o cenário é outro em 2018.

As equipes do governador Márcio França (PSB) e do ex-prefeito João Doria (PSDB) confirmaram a presença dos dois rivais na disputa pelo Palácio dos Bandeirantes. O prefeito Bruno Covas (PSDB) também ficou de passar no ato que percorrerá, nesta quinta-feira (31) de Corpus Christi, 3,5 km em São Paulo, da estação de metrô Luz à praça Heróis da Força Expedicionária Brasileira.

O presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) é outra presença certa, segundo a organização da Marcha. Ele irá com o senador Magno Malta (PR), cotado como vice em sua chapa e convidado cativo no evento —no qual já se apresentou com sua banda gospel, a Tempero do Mundo, que tem no repertório "Força na Mão de Deus" e "Íntima Adoração". 

Há dois anos, o apóstolo Estevam Hernandes, presidente da Marcha para Jesus, associou a escassez de políticos ao medo de receber vaias da multidão, com a Lava Jato a pleno vapor e a popularidade da categoria em queda livre. 

"Muitos estão fugindo das grandes concentrações", disse à época Hernandes, que fundou com a mulher, a bispa Sonia Hernandes, a igreja Renascer em Cristo, organizadora do evento.

"A Marcha não é um evento político nem palanque, mas recebemos e oramos por todos", diz agora o líder religioso à Folha.  

Na caminhada do ano passado, Hernandes orou pelo fim da corrupção ( "pai, tira a fome e a corrupção, o Deus de paz vai esganar o satanás sob os teus pés") e fustigou Alckmin por cancelar sua ida em cima da hora. "Ele não julga [a Marcha] importante. Se julgasse, estaria aqui", disse o apóstolo que idealizou o evento 26 anos atrás. 

Neste ano, "vamos obviamente orar pelo Brasil, num contexto que sempre fazemos", afirma o presidente da Renascer, o bispo Geraldo Tenuta. 

Estevam  Hernandes "tem levantado o clamor pelo Brasil" em cultos, lembra o suplente de deputado Marcelo Aguiar (DEM-SP), representante da Renascer no Congresso. As redes sociais da bispa Sonia reforçam essa ideia. "Poderoso, cremos na cura da nação #BrasilRestaurado", ela postou nesta semana, legenda que acompanhou uma foto da bandeira nacional.

Novidade em 2018: a Universal do Poder de Deus mandará representantes à Marcha, algo inédito para uma igreja que não costuma participar de grandes eventos liderados por outras denominações.

Mas há desconforto, no segmento evangélico, com a projeção dada a políticos aliados da Renascer (caso de Marcelo Aguiar, que, além de político, é cantor gospel e se apresentará no evento).

"Em ano eleitoral, sinto que não sou bem-vindo na Marcha. Como ela é organizada pela Renascer, e eles têm um deputado federal, o tratamento é, digamos, indiferente. Mas desejo sucesso ao evento", afirma o deputado Marco Feliciano (Podemos), que tentará a reeleição.

A greve dos caminhoneiros por pouco não empacou a 26ª edição da caminhada que sai pelas ruas de São Paulo desde 1993. A montagem do palco que receberá estrelas do cancioneiro gospel como Aline Barros atrasou, após parte da estrutura ficar retida em bloqueios rodoviários. A locomoção e o combustível dos 11 trios elétricos foram outro contraponto resolvido de última hora.

Percalços à parte, "estamos orando pelo país e pelos caminhoneiros que estão na estrada, que estão  neste grande movimento que é de direito", diz Aguiar.

Marcha para Jesus 2017, evento gospel liderado pela igreja Renascer em Cristo
Marcha para Jesus 2017, evento gospel liderado pela igreja Renascer em Cristo - Rivaldo Gomes/Folhapress

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