O Ministério Público Federal denunciou os executivos e delatores da JBS Joesley Batista e Francisco de Assis sob acusação de corrupção ativa, lavagem de dinheiro, violação de sigilo funcional e embaraço de investigação.
OUTRO LADO
Em nota, a defesa de Joesley disse que recebe a notícia com estranheza. "Verifica-se grave desrespeito à lei e às cláusulas do acordo de colaboração, firmado entre a PGR e Joesley Batista, que preveem a não denúncia", afirma a defesa. "Há menção expressa pela Procuradora-Geral da República de que, enquanto o STF não se manifestar sobre a rescisão do acordo, a denúncia não pode ser recebida contra o colaborador. Só há uma explicação: ou desconhecem que o acordo não está rescindido ou desconhecem a manifestação da PGR".
O advogado do procurador Angelo Villela, Gustavo Badaró, afirmou que seu cliente não cometeu nenhum ato ilícito, que não há nenhum fato novo desde a deflagração da Operação Patmos, em maio do ano passado, e que a denúncia é baseada em elementos frágeis.
O publicitário André Gustavo Vieira não foi localizado.
Em nota, Willer Tomaz afirmou que a leitura da denúncia lembra a “denominada era da pós-verdade, com a proliferação de fake news onde o espectador escolhe a “verdade” que melhor convém a suas convicções pessoais, selecionando os fatos ao sabor de preconcepções”.
O advogado denunciado questionou também que em alguns momentos as palavras dos delatores se justificam e em outros não são dignas de confiança.
“Trata-se de um verdadeiro bufê, com perdão pelo estilo, no qual o MPF escolhe ao bel prazer o que lhe interessa, tomando alguns trechos dos depoimentos como verdade absoluta, dogma solar que tudo toca, e outros como a mais absurda das mentiras”.
Tomaz ainda disse que “as delações foram revogadas em razão da falta de credibilidade. A denúncia foi toda estruturada tendo como base exclusivamente às delações revogadas. Lamentável. Mas confio no judiciário brasileiro”.
Em nota, o presidente da OAB-DF disse estar surpreso com a informação sobre a denúncia. “Manifesto a minha mais que justificada indignação em razão de nunca ter sido intimado a prestar esclarecimentos, nem durante o tempo em que o assunto esteve em evidência, bem como ao longo dos procedimentos processuais nas instâncias às quais o caso foi remetido.”
Ele disse que não houve “nenhum tipo de contraditório, fundamento elementar do inarredável direito de defesa”.
“Como já esclarecido em maio de 2017, reafirmo que não sou nem nunca fui advogado do grupo JBS e/ou do J&F, nem de quaisquer de seus dirigentes. Nunca fui contratado para atuar em nenhuma das operações e/ou ações que envolvam os interesses do grupo. Sondado a oferecer serviços em campo do direito distinto à minha atuação, limitei-me a indicar advogado de área criminal, prática comum no exercício da profissão”, diz o texto.
Juliano Costa Couto afirma que não cometeu nenhuma ilegalidade, que confia no sistema Judiciário e que tem interesse no esclarecimento dos fatos.
“Ressalto aos colegas de profissão e à sociedade brasiliense que tenho honrado meu histórico profissional de mais de 20 anos de uma advocacia reconhecidamente técnica e ética, incluindo o mandato que me foi outorgado pela minha categoria no Distrito Federal. Em meu escritório e na OAB, venho desempenhando minhas atividades com dedicação, esmero e seriedade. Tenho a consciência tranquila e me defenderei.”
Os outros denunciados também foram procurados, mas não responderam até a publicação da reportagem.
ESQUEMA
De acordo com os procuradores, os executivos da JBS pagaram 1/3 do “valor inicial” de R$ 3,754 milhões ao escritório Willer Tomaz Advogados Associados sob o pretexto de prestação de serviços. O presidente da OAB-DF e o publicitário receberam uma comissão, segundo os investigadores.
Villela e Willer Tomaz foram presos na operação Patmos, em 18 de maio de 2017, deflagrada após a divulgação da delação dos executivos do frigorífico.
De acordo com os delatores, Tomaz, que trabalhou para a J&F (controladora da JBS), dizia que Villela ajudaria passando informações privilegiadas a Joesley.
Sobre o pagamento de R$ 50 mil por mês, Joesley em outro depoimento não saber se o dinheiro chegava ao procurador. A investigação não conseguiu achar documentos comprobatórios de repasses
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