Carlesse é eleito governador do Tocantins em pleito com abstenção de um terço

Candidato do PHS é governador interino desde março; novo mandato irá somente até dezembro

Cecília Santos
Palmas e São Paulo

Com 75% dos votos válidos, o governador interino do Tocantins, Mauro Carlesse (PHS), foi eleito para o posto no segundo turno das eleições suplementares neste domingo (24). O senador Vicentinho Alves (PR) recebeu 25% dos votos.

Diferente da votação apertada no primeiro turno, neste domingo, o novo governador do Tocantins já estava definido às 18h, com uma grande diferença de votos entre os candidatos.

Carlesse (PHS) fala com a imprensa após votar no Centro Universitário de Gurupi, no sul do Tocantins
Carlesse (PHS) fala com jornalistas após votar no Centro Universitário de Gurupi, no sul do Tocantins - Divulgação/Coligação Governo de Atitude

Assim como no primeiro turno, o número de abstenções neste domingo foi alto --chegou a 34,9%, ou 355.032 potenciais eleitores. O governador eleito recebeu pouco mais de 368 mil votos.

Além disso, 23,46% dos eleitores marcaram nulo, e o Tribunal Regional Eleitoral do Tocantins (TRE-TO) registrou 2,59% de votos brancos. 

"O pouco que tivemos oportunidade de trabalhar, o resultado foi esse. A população entendeu que quando você cuida da saúde, da educação e da infraestrutura o resultado é esse", disse Carlesse após a vitória. 

A determinação da realização de eleições suplementares no Tocantins veio do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) após a cassação do mandado do ex-governador Marcelo Miranda (MDB) por caixa dois na campanha de 2014. 

O candidato derrotado, senador Vicentinho, criticou o adversário. "Senti naturalmente o peso da máquina pública. Foi Davi contra Golias."

A Polícia Militar avaliou a votação como tranquila, registrando apenas três ocorrências relacionadas ao pleito.

No primeiro turno, sete candidatos, incluindo a senadora Kátia Abreu (PDT), disputaram as eleições.

Carlesse está no posto interinamente desde março. Seu mandato como governador eleito começa tecnicamente em 9 de julho e segue até 31 de dezembro.

Em outubro, os eleitores do Tocantins vão novamente às urnas para escolher o governador que ficará à frente do estado entre 2019 e 2023.

Processos

Antes de assumir o governo, Carlesse era presidente da Assembleia Legislativa.

Como governador interino, enfrentou uma operação da Polícia Federal no dia 14 de junho, quando foram cumpridos mandados de busca e apreensão em secretarias e órgãos públicos. 

O objetivo era investigar o uso da máquina pública e irregularidades na liberação de emendas parlamentares, às vésperas da eleição. 

Uma liminar do Tribunal de Justiça do Tocantins, publicada logo após assumir o governo, proibiu que o governador interino realizasse pagamentos que não fossem prioritários, promoções para algumas categorias e a seleção e contratação de pessoal efetivo ou comissionado, salvo por determinação judicial. 

Carlesse responde a 73 processos na Justiça e já ficou preso durante 26 dias em 2015 por não pagar pensão à ex-mulher.

Entre as dezenas de processos judiciais dos quais é alvo, estão cartas precatórias criminais e processos de suas empresas. Dono de fazendas, indústrias de tintas e empresas da área de petróleo, ele é citado em ações trabalhistas e tributárias e execuções fiscais.

Sobre os processos judiciais, a assessoria do governador diz que a vida privada dele não tem relação com a pública. "Algo que faz parte da vida privada de quem é empreendedor no Brasil, mas que não tem relação com sua vida pública."

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