A decisão do comando nacional do PSB de fechar acordos regionais com o PT, os quais devem levar o partido a declarar neutralidade na disputa presidencial, causou insatisfação em diretórios estaduais da sigla.
Em Brasília e em Minas Gerais, dirigentes da legenda consideraram a definição um equívoco e avaliaram que o partido perde ao não apoiar oficialmente uma candidatura fora da polarização entre PT e PSDB.
"É lamentável e é um erro do partido. Nós tínhamos iniciado um processo para romper com a polarização, como fizemos com Eduardo Campos em 2014", reclamou à Folha o governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg.
Ele disse que, mesmo com a neutralidade, fará campanha por Ciro Gomes, do PDT, o qual considera um nome preparado para o Palácio do Planalto.
Em Minas Gerais, o presidente estadual do PSB, João Grossi Martins, disse que discorda da decisão da sigla, sobretudo ao retirar a candidatura de Márcio Lacerda ao governo mineiro. Em nota, Lacerda disse que foi surpreendido com a decisão.
"Recebi essa comunicação com indignação, perplexidade, revolta e desprezo", disse.
Caso se declare neutro, o PSB orientará os diretórios estaduais, por meio de uma espécie de cartilha, a apoiarem candidaturas de esquerda que sejam contrárias à reforma trabalhista.
Por Ciro, há um grupo no partido que ameaça propor, durante a convenção nacional no domingo (5), que a posição da legenda seja definida por meio de votação entre seus mais de três mil delegados.
O deputado federal Julio Delgado, da bancada mineira do PSB, acha pouco provável que essa alternativa prospere. Ele, que era contra a neutralidade, diz que a alternativa foi a única maneira de evitar um racha na sigla.
"As circunstâncias levaram a perdermos os dedos para não perdermos a mão", disse.
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