Descrição de chapéu Eleições 2018

Ameaçado, Doria desiste de tática de não agressão e ataca Skaf

Última pesquisa Ibope aponta que ambos estão tecnicamente empatados

Artur Rodrigues Joana Cunha
São Paulo

Ameaçado por Paulo Skaf (MDB) na disputa ao governo de São Paulo, João Doria (PSDB) desistiu da tática de não agressão com o emedebista e partiu para ataque. 

Em programa eleitoral de rádio nesta terça-feira (11), conforme adiantou a coluna Painel, ele tentou colar a pecha de candidato do presidente Michel Temer (MDB) em Skaf. 

A peça traz uma música fazendo brincadeira com o termo "esconde-esconde", que afirma que Skaf tenta esconder que está com Temer. O programa trouxe um áudio do próprio presidente dizendo: "Por isso que o Paulo tem que ser eleito governador do estado de São Paulo".

Candidatos ao governo de São Paulo, João Doria (PSDB) e Paulo Skaf (MDB)
Candidatos ao governo de São Paulo, João Doria (PSDB) e Paulo Skaf (MDB) - Eduardo Anizelli 08.ago.2018/Folhapress

A propaganda contraria discurso oficial de Doria de uma campanha de propostas. Ele vinha antagonizando apenas com candidatos de partidos mais à esquerda, como Luiz Marinho (PT) e Márcio França (PSB), este chamado pelo tucano de "Márcio Cuba". 

A aposta da campanha tucana era que França, com o segundo tempo de TV e mais palanques regionais, subiria nas pesquisas e ultrapassaria Skaf, o que não aconteceu até agora. 

Pelo contrário, Skaf cresceu, embora ambos permaneçam tecnicamente empatados. No primeiro turno, segundo pesquisa Ibope, Skaf aparece com 22% das intenções de voto, contra 21% do candidato tucano. Na projeção divulgada pelo instituto em 20 de agosto, Doria tinha 20% contra 18% do emedebista.

Na manhã desta terça, mesmo dia em que atacou Skaf, Doria voltou a repetir que faria uma propaganda propositiva. "Manteremos a campanha propositiva, valorizando aquilo que a população quer: solução para seus problemas", disse. "É muito cedo ainda. Nós lideramos as pesquisas e estamos neste momento em empate técnico, que aliás já sucede há dois meses. Com o tempo de rádio e televisão, haverá mudanças, mas não teremos nenhuma alteração de campanha." 

Durante debates para governador, tanto Doria quanto Skaf também vinham evitando confrontos diretos. A posição relativamente confortável eximiu Skaf de fazer críticas ao tucano.

Quando questionado por jornalistas se não pretende atacar o adversário do PSDB, Skaf costuma sair com uma frase de efeito, dizendo que entrou na política "não para brigar, mas para fazer o bem".  

"Quem tem que avaliar o Doria é o eleitor. O julgamento dos meus adversários cabe ao eleitor, e não me sinto confortável para fazer julgamento de adversários", disse à Folha o candidato, em evento de sua campanha em Suzano há pouco mais de uma semana.

Antes  de terminar o raciocínio, no entanto, Skaf fez uma crítica irônica, que remete à decisão de Doria de abandonar a prefeitura da capital para disputar a vaga no estado, iniciativa que desencadeou rejeição do eleitorado paulistano à candidatura tucana. 

"Nunca deixei de cumprir a minha palavra. Na minha vida, nunca larguei os meus compromissos no caminho. Sempre cumpri com rigor, mas cabe ao eleitor fazer a avaliação dele", disse, sem mencionar Doria. 

A ideia ecoa o jingle e outras peças publicitárias em que Skaf insiste que "tem palavra" e "não descumpre promessas". As alfinetadas, porém, nunca são diretamente destinadas ao adversário.  

Até mesmo no debate realizado pela TV Bandeirantes há cerca de duas semanas, em que o tucano foi o maior alvo dos ataques dos adversários em geral, Skaf poupou o ex-prefeito. 

Diferentemente dos outros candidatos, que fizeram provocações diretas a Doria, Skaf manteve seus ataques à figura do PSDB, preferindo criticar a gestão da segurança no governo paulista, há 24 anos comandado pelo PSDB. 

O confronto com Doria ficou a cargo de Marcio França, liberando Skaf para o papel de pacifista, sobrando mais tempo de campanha para propagandear a infraestrutura do Sesi-SP como realizações do emedebista.

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