Ameaçado por Paulo Skaf (MDB) na disputa ao governo de São Paulo, João Doria (PSDB) desistiu da tática de não agressão com o emedebista e partiu para ataque.
Em programa eleitoral de rádio nesta terça-feira (11), conforme adiantou a coluna Painel, ele tentou colar a pecha de candidato do presidente Michel Temer (MDB) em Skaf.
A peça traz uma música fazendo brincadeira com o termo "esconde-esconde", que afirma que Skaf tenta esconder que está com Temer. O programa trouxe um áudio do próprio presidente dizendo: "Por isso que o Paulo tem que ser eleito governador do estado de São Paulo".
A propaganda contraria discurso oficial de Doria de uma campanha de propostas. Ele vinha antagonizando apenas com candidatos de partidos mais à esquerda, como Luiz Marinho (PT) e Márcio França (PSB), este chamado pelo tucano de "Márcio Cuba".
A aposta da campanha tucana era que França, com o segundo tempo de TV e mais palanques regionais, subiria nas pesquisas e ultrapassaria Skaf, o que não aconteceu até agora.
Pelo contrário, Skaf cresceu, embora ambos permaneçam tecnicamente empatados. No primeiro turno, segundo pesquisa Ibope, Skaf aparece com 22% das intenções de voto, contra 21% do candidato tucano. Na projeção divulgada pelo instituto em 20 de agosto, Doria tinha 20% contra 18% do emedebista.
Na manhã desta terça, mesmo dia em que atacou Skaf, Doria voltou a repetir que faria uma propaganda propositiva. "Manteremos a campanha propositiva, valorizando aquilo que a população quer: solução para seus problemas", disse. "É muito cedo ainda. Nós lideramos as pesquisas e estamos neste momento em empate técnico, que aliás já sucede há dois meses. Com o tempo de rádio e televisão, haverá mudanças, mas não teremos nenhuma alteração de campanha."
Durante debates para governador, tanto Doria quanto Skaf também vinham evitando confrontos diretos. A posição relativamente confortável eximiu Skaf de fazer críticas ao tucano.
Quando questionado por jornalistas se não pretende atacar o adversário do PSDB, Skaf costuma sair com uma frase de efeito, dizendo que entrou na política "não para brigar, mas para fazer o bem".
"Quem tem que avaliar o Doria é o eleitor. O julgamento dos meus adversários cabe ao eleitor, e não me sinto confortável para fazer julgamento de adversários", disse à Folha o candidato, em evento de sua campanha em Suzano há pouco mais de uma semana.
Antes de terminar o raciocínio, no entanto, Skaf fez uma crítica irônica, que remete à decisão de Doria de abandonar a prefeitura da capital para disputar a vaga no estado, iniciativa que desencadeou rejeição do eleitorado paulistano à candidatura tucana.
"Nunca deixei de cumprir a minha palavra. Na minha vida, nunca larguei os meus compromissos no caminho. Sempre cumpri com rigor, mas cabe ao eleitor fazer a avaliação dele", disse, sem mencionar Doria.
A ideia ecoa o jingle e outras peças publicitárias em que Skaf insiste que "tem palavra" e "não descumpre promessas". As alfinetadas, porém, nunca são diretamente destinadas ao adversário.
Até mesmo no debate realizado pela TV Bandeirantes há cerca de duas semanas, em que o tucano foi o maior alvo dos ataques dos adversários em geral, Skaf poupou o ex-prefeito.
Diferentemente dos outros candidatos, que fizeram provocações diretas a Doria, Skaf manteve seus ataques à figura do PSDB, preferindo criticar a gestão da segurança no governo paulista, há 24 anos comandado pelo PSDB.
O confronto com Doria ficou a cargo de Marcio França, liberando Skaf para o papel de pacifista, sobrando mais tempo de campanha para propagandear a infraestrutura do Sesi-SP como realizações do emedebista.
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