Os próximos dias serão cruciais para Jair Bolsonaro (PSL), que teve de passar por uma cirurgia de emergência nesta quarta-feira (12) após piora do seu quadro de saúde. Ele recebeu uma facada na quinta-feira (6) durante ato de campanha em Juiz de Fora, em Minas Gerais.
Ainda há riscos de infecções e de novas aderências no intestino delgado do paciente após a cirurgia mais recente, segundo cirurgiões e infectologistas ouvidos pela Folha.
Como houve rompimento da sutura da cirurgia anterior, ocorreu vazamento de líquido intestinal na cavidade abdominal. Mesmo com o uso de antibióticos, há riscos de formação de abscessos (pus), o que demandaria uma nova operação.
Da mesma forma, podem ocorrer novas aderências (um tecido grudar no outro) ou torções das alças intestinais, interrompendo o trânsito intestinal. Se isso acontecer, também haverá necessidade de reoperação. O intestino delgado tem de seis a oito metros e essas alças se movimentam internamente.
A seguir, veja perguntas e respostas sobre o caso.
Por que Bolsonaro precisou ser operado novamente?
Porque teve obstrução do intestino. Isso não é raro em cirurgias intestinais porque toda a motricidade do órgão fica alterada. Além disso, os médicos encontraram dois problemas: aderência (quando um tecido gruda no outro) nas alças intestinais, o que interrompe o trânsito intestinal, e secreção intestinal na cavidade abdominal por conta do rompimento de um ponto da sutura feita na primeira cirurgia do intestino delgado
O que pode ter levado à obstrução intestinal?
No processo de realimentação (quando passou a comer), Bolsonaro sentiu sintomas de estufamento do abdômen, dor e náuseas. Isso foi indicativo de que o aparelho digestivo não estava conseguindo se movimentar adequadamente. O problema pode ter sido provocado tanto pela aderência nas alças intestinais quanto pela inflamação causada pelo escape de secreção intestinal
O que deve acontecer agora?
Os próximos dias devem ser cruciais. O candidato deve continuar com a nutrição parenteral (pelas veias) até que o trânsito intestinal seja restabelecido. Os médicos vão observar, por exemplo, se não há novas distensões abdominais e se ele está eliminando gases e evacuando pela colostomia, sinais de que o intestino voltou a funcionar
Ainda há riscos?
Sim. Com a nova cirurgia, há riscos de outras aderências no intestino ou mesmo de as alças se dobrarem, estreitando as regiões e causando nova obstrução. Como houve vazamento de líquido intestinal com o rompimento da sutura, o abdômen foi reinfectado. Mesmo fazendo uso de antibióticos, pode ocorrer a formação de abscessos
O caso é grave? Há expectativa de alta?
É um caso complicado e ainda imprevisível porque não se sabe como o organismo reagirá nos próximos dias. Se o trânsito intestinal for restabelecido e não houver infecção, ele pode ter alta em até um mês e programar a cirurgia de reversão da colostomia para depois disso
O que acontece se Bolsonaro não puder dar continuidade à candidatura por motivos de saúde?
O TSE estabelece 17 de setembro como último dia para a substituição de candidatos. Há, porém, uma margem de segurança de alguns dias até que as urnas eletrônicas sejam preparadas. Em caso de morte de um candidato, a legislação dá o prazo de até dez dias, contados a partir do fato, para a substituição.
Nesse caso, a urna apresentará no 1º turno nome e foto do candidato original. Os votos destinados a ele são remanejados para seu substituto. No caso do 2º turno, o prazo para preparação das urnas é a sexta-feira seguinte ao 1º turno, neste ano o dia 12 de outubro, mesma data de início da propaganda eleitoral gratuita no rádio e TV
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