Descrição de chapéu Eleições 2018

Veja perguntas e respostas sobre a nova cirurgia de Bolsonaro

Presidenciável passou por procedimento de emergência para desobstruir intestino

Cláudia Collucci
São Paulo

Os próximos dias serão cruciais para Jair Bolsonaro (PSL), que teve de passar por uma cirurgia de emergência nesta quarta-feira (12) após piora do seu quadro de saúde. Ele recebeu uma facada na quinta-feira (6) durante ato de campanha em Juiz de Fora, em Minas Gerais.

Ainda há riscos de infecções e de novas aderências no intestino delgado do paciente após a cirurgia mais recente, segundo cirurgiões e infectologistas ouvidos pela Folha.

Como houve rompimento da sutura da cirurgia anterior, ocorreu vazamento de líquido intestinal na cavidade abdominal. Mesmo com o uso de antibióticos, há riscos de formação de abscessos (pus), o que demandaria uma nova operação.

Da mesma forma, podem ocorrer novas aderências (um tecido grudar no outro) ou torções das alças intestinais, interrompendo o trânsito intestinal. Se isso acontecer, também haverá necessidade de reoperação. O intestino delgado tem de seis a oito metros e essas alças se movimentam internamente.

A seguir, veja perguntas e respostas sobre o caso. 

Por que Bolsonaro precisou ser operado novamente?

Porque teve obstrução do intestino. Isso não é raro em cirurgias intestinais porque toda a motricidade do órgão fica alterada. Além disso, os médicos encontraram dois problemas: aderência (quando um tecido gruda no outro) nas alças intestinais, o que interrompe o trânsito intestinal, e secreção intestinal na cavidade abdominal por conta do rompimento de um ponto da sutura feita na primeira cirurgia do intestino delgado

O que pode ter levado à obstrução intestinal?

No processo de realimentação (quando passou a comer), Bolsonaro sentiu sintomas de estufamento do abdômen, dor e náuseas. Isso foi indicativo de que o aparelho digestivo não estava conseguindo se movimentar adequadamente. O problema pode ter sido provocado tanto pela aderência nas alças intestinais quanto pela inflamação causada pelo escape de secreção intestinal

O que deve acontecer agora?

Os próximos dias devem ser cruciais. O candidato deve continuar com a nutrição parenteral (pelas veias) até que o trânsito intestinal seja restabelecido. Os médicos vão observar, por exemplo, se não há novas distensões abdominais e se ele está eliminando gases e evacuando pela colostomia, sinais de que o intestino voltou a funcionar

Ainda há riscos?

Sim. Com a nova cirurgia, há riscos de outras aderências no intestino ou mesmo de as alças se dobrarem, estreitando as regiões e causando nova obstrução. Como houve vazamento de líquido intestinal com o rompimento da sutura, o abdômen foi reinfectado. Mesmo fazendo uso de antibióticos, pode ocorrer a formação de abscessos

O caso é grave? Há expectativa de alta? 

É um caso complicado e ainda imprevisível porque não se sabe como o organismo reagirá nos próximos dias. Se o trânsito intestinal for restabelecido e não houver infecção, ele pode ter alta em até um mês e programar a cirurgia de reversão da colostomia para depois disso

O que acontece se Bolsonaro não puder dar continuidade à candidatura por motivos de saúde?

O TSE estabelece 17 de setembro como último dia para a substituição de candidatos. Há, porém, uma margem de segurança de alguns dias até que as urnas eletrônicas sejam preparadas. Em caso de morte de um candidato, a legislação dá o prazo de até dez dias, contados a partir do fato, para a substituição.

Nesse caso, a urna apresentará no 1º turno nome e foto do candidato original. Os votos destinados a ele são remanejados para seu substituto. No caso do 2º turno, o prazo para preparação das urnas é a sexta-feira seguinte ao 1º turno, neste ano o dia 12 de outubro, mesma data de início da propaganda eleitoral gratuita no rádio e TV

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