Descrição de chapéu Eleições 2018

Com verba curta, PT aposta em 'jornalista operário' e baiano militante como marqueteiros

Otávio Antunes, 41, e Raul Rabelo, 43, tocam a campanha do partido para a Presidência

José Marques Paulo Passos
São Paulo

Sem a enxurrada de recursos das campanhas passadas, o PT adotou uma dupla de marqueteiros sem experiência em campanhas presidenciais, mas que se define como militante e atenta às sugestões que o ex-presidente Lula envia da prisão em Curitiba.

Otávio Antunes, 41, que se define como “jornalista operário” e o publicitário baiano Raul Rabelo, 43, tocam os programas eleitorais do partido para a Presidência, inicialmente com Lula como candidato e agora com Haddad.

Ao contrário de megamarqueteiros como João Santana e Duda Mendonça, que comandaram as campanhas do partido de 2002 a 2014, a nova dupla tem um perfil menos centralizador e atuam mais como idealizadores do conteúdo do que como consultores de imagem partidária.

Fernando Haddad (PT) e Otávio Antunes, marqueteiro do PT
Fernando Haddad (PT) e Otávio Antunes, marqueteiro do PT - Reprodução/Instagram

No QG petista, quem trabalha na campanha costuma repetir que se existe um estrategista ou marqueteiro do PT ele se chama Lula. O ex-presidente está preso em Curitiba e tem recebido a visita de Haddad. Desde que foi confirmado como candidato, o ex-prefeito esteve quatro vezes na sede da Polícia Federal.

Pouco mais de 100 pessoas trabalham na equipe de comunicação do petista. Na equipe, poucos ultrapassam os 40 anos de idade.

À frente do time, Antunes e Rabelo se conheceram durante a caravana de Lula pelo Nordeste. Antunes, filiado ao PT, era o chefe de comunicação da Fundação Perseu Abramo, ligada à legenda, e registrava o périplo que Lula fez pelo país.

Já Rebelo é filho de militantes do PC do B e, também, sócio de um dos publicitários que se destacou nos últimos anos em programas para a legenda —Sidônio Palmeira, que fez os programas vitoriosos do ex-governador da Bahia Jaques Wagner em 2006 e 2010, e do atual, Rui Costa, em 2014.

É da experiência de circundar Lula nos últimos anos que Antunes tira algumas das suas ideias para os programas, segundo a Folha ouviu de integrantes da campanha. Uma delas, por exemplo, é de não copiar programas vitoriosos de presidentes americanos, porque não se aplicam à realidade brasileira.

Também aproveita frases que ouve nas ruas para usar como material de publicidade, como o slogan “O Brasil feliz de novo”, que inicialmente se chamaria “O Brasil vai voltar a sorrir”.

Até pelo orçamento apertado, as peças não têm apresentador, tomadas que exijam estrutura cara e também reaproveitam material já utilizado durante as caravanas de Lula e o período anterior à sua prisão, em abril.

Ainda existem vídeos do ex-presidente inéditos, preparados para um eventual segundo turno eleitoral.

Ataques ao adversário e primeiro colocado nas pesquisas, Jair Bolsonaro (PSL), também não estavam previstos até o crescimento do candidato nas pesquisas. 

Na reta final, o partido reconheceu que errou na estratégia e passou a tentar desconstruir o capitão reformado. Nos programas desta quinta (4), foram exibidas inserções que criticavam votações de Bolsonaro na Câmara dos Deputados.

O trabalho dos dois novos marqueteiros é pago, em sua maior parte, para a agência de Antunes, Urissanê Comunicações. Na última prestação de contas, ele já havia recebido R$ 6 milhões do partido.

Eles também trabalham para dois candidatos em São Paulo: Jilmar Tatto, que concorre ao Senado, e Alexandre Padilha, a deputado federal.

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