Descrição de chapéu Eleições 2018

Bolsonaro chora na TV e Haddad diz que não faz 'campanha de um partido'

Candidatos tentaram conquistar eleitorado que não vota neles no primeiro programa do 2º turno

São Paulo

Os dois candidatos à Presidência tentaram, em seus primeiros programas eleitorais de segundo turno exibidos em TV e rádio nesta sexta-feira (12), convencer os eleitores de que não há motivos para rejeitá-los —e sim aos seus adversários.

Jair Bolsonaro (PSL), que busca o eleitorado feminino, chorou ao falar de sua filha caçula, Laura, a primeira após ser pai de quatro filhos.

O candidato reutilizou um vídeo que já havia publicado na internet sobre como decidiu que iria tentar a paternidade novamente. 

Nele, afirma que decidiu desfazer uma vasectomia.

“Mudou, sim, muito a minha vida a chegada da Laura”, afirmou, antes de aparecer em vídeo brincando e pedindo o beijo da filha.

Enquanto isso, Fernando Haddad (PT) apostou suas fichas em conquistar o apoio do eleitor antipetista.
Falando em direção ao vídeo, disse que sua “campanha não é de um partido, é de todos os que querem mudar o país”. Pediu o voto de “todos que são a favor da democracia”.

Ambas as campanhas dos presidenciáveis também tentaram colar no outro uma imagem negativa.

Enquanto o programa de Bolsonaro aponta para o risco de “venezuelização” do Brasil com a volta do PT ao poder, o de Haddad relaciona o adversário à violência.

Bolsonaro divulgou uma fala de Lula que faz referência à criação de confiança para que os partidos de esquerda chegassem a governos na América Latina.

“Todos aqueles que participaram do foro de São Paulo chegaram ao poder”, diz Lula, em áudio exibido pela campanha adversária.

O vídeo do candidato do PSL ainda diz que o vermelho, cor usada pelo PT, é “um sinal de alerta para o que não queremos no país”​.

“O vermelho jamais foi a cor da esperança”, diz o locutor, em tom alarmista.

Já na campanha petista são exibidas cenas em que Bolsonaro faz referência a armas com os dedos e o episódio em que ele disse que ia “fuzilar a petralhada” no Acre.

Ligou atos de violência que aconteceram no país, como a agressão a uma jovem do Rio Grande do Sul que teve uma suástica marcada com canivete na barriga, à campanha do adversário.

Pela primeira vez, Haddad usou uma apresentadora para fazer críticas e propostas —como acontecia no programa de Geraldo Alckmin (PSDB).

Também mudou o jingle anterior, que era associado ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e prometia “o Brasil feliz de novo”.

O novo jingle pede “todos pelo Brasil”. Lula aparece brevemente na propaganda, dizendo que “ninguém fez mais pela educação do que Haddad”. O candidato foi ministro da Educação nos governos do PT.

Tanto um candidato como o outro tentaram se ligar a valores familiares. O narrador do programa de Bolsonaro diz que ele sempre, como deputado, foi o defensor desses temas. 

Já a campanha de Haddad ressalta que Ana Estela, sua mulher, é “sua maior paixão, com quem é casado há 30 anos e tem dois filhos”.

Bolsonaro ficou com 46% dos votos válidos no primeiro turno, contra 29% de Haddad. De acordo com o Datafolha divulgado nesta quarta (10), o capitão reformado tem 58% dos votos válidos para o segundo turno, contra 42% do petista.

Em SP, candidatos dizem que adversários não são confiáveis

Os candidatos ao governo nas eleições paulistas, João Doria (PSDB) e Márcio França (PSB) tentaram induzir o eleitor a não acreditar nas promessas do concorrente  no primeiro programa eleitoral do segundo turno.

Ambas as campanhas priorizaram monólogos dos candidatos diretamente ao espectador, com apresentação de propostas e críticas ao adversário.

Doria, que tem a estratégia de nacionalizar a eleição, tentou colar em França a imagem de político de esquerda —o PSB se posicionou contra o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff e apoia Fernando Haddad (PT) à Presidência da República.

“Márcio França é esquerdista, um genérico do PT”, diz Doria. “Não podemos nos deixar enganar por alguém desconhecido, que agora, você vai descobrir nesse segundo turno, é um lobo em pele de cordeiro.”
Enquanto isso, França faz o caminho oposto e regionaliza as críticas.

Ele voltou a atacar a renúncia de Doria à Prefeitura de São Paulo para concorrer ao governo, apesar de o tucano ter afirmado que não deixaria a administração municipal.

“São Paulo não aceita quem mente, quem não cumpre seus compromissos, quem trai os seus amigos por conveniência e coloca suas ambições acima de tudo”, afirma França. “Meu adversário não tem limite, faz qualquer coisa pelo poder.”

Antes, em seu programa, Doria se antecipou à crítica e justificou a renúncia como uma decisão que tomou para não deixar o governo nas mãos de França.

“Quando soube que ele, Márcio França, ia ser candidato a governador, me perguntei: e o nosso estado, vai ficar nas mãos de quem? Do Márcio França? Aí eu vi que as coisas não poderiam ficar assim e fui pra briga”, disse Doria na TV.

A disputa de nacionalização contra regionalização também é feita nas citações a aliados.

Doria afirma mais de uma vez que apoia o presidenciável Jair Bolsonaro (PSL), enquanto França cita o ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB), de quem era vice até a renúncia em abril deste ano. Alckmin concorreu à Presidência e foi derrotado em primeiro turno.

Uma das cartadas do candidato do PSB para obter novo eleitorado foi exibir fala de Paulo Skaf, presidente da Fiesp (federação das indústrias do estado) em seu apoio. 

Skaf foi candidato pelo MDB e obteve 21,1% dos votos, quase a mesma porcentagem de França, que ficou com 21,5%. Ficou em terceiro lugar.

A votação de Doria no primeiro turno foi de 31,7%.

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