Descrição de chapéu Eleições 2018

Sobrinho de Brilhante Ustra doa R$ 1.000 para campanha de Bolsonaro

Ustra é o único militar que participou da ditadura apontado oficialmente como torturador pela Justiça

O coronel reformado e ex-comandante do DOI-Codi-SP Brilhante Ustra na primeira audiência pública promovida pela Comissão Nacional da Verdade
O coronel reformado e ex-comandante do DOI-Codi-SP Brilhante Ustra na primeira audiência pública promovida pela Comissão Nacional da Verdade - Sergio Lima - 10.mai.2018 /Folhapress
Lucas Vettorazzo
Rio de Janeiro

O sobrinho do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra (1932-2015) doou, por meio de uma vaquinha virtual, R$ 1.000 à campanha de Jair Bolsonaro (PSL) à presidência.

O advogado tributarista Octavio Lopes Santos Teixeira Brilhante Ustra, 41, é filho do único irmão civil do coronel, o advogado José Augusto Brilhante Ustra.

Sócio de uma banca de advogados em Campinas (SP), Octávio doou na última quinta-feira (18) à Bolsonaro por meio do site Mais Que Voto. O site é autorizado pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) a realizar financiamentos coletivos para candidatos que se inscreverem na plataforma.

O coronel Brilhante Ustra é o único militar que participou da ditadura militar brasileira (1964-1985) apontado oficialmente como torturador pela Justiça. Ele comandou de 1970 a 1974 o DOI (Destacamento de Operações de Informações) de São Paulo, conhecido como dos órgãos mais duros da repressão política do regime.

Ustra morreu em 2015 sem ter sido condenado pelos crimes de tortura e morte pelos quais é acusado.

Bolsonaro frequentemente elogia a atuação do coronel durante a ditadura. Durante seu voto para o impeachment de Dilma Rousseff, Bolsonaro enalteceu a memória do militar no microfone da tribuna.

O irmão advogado de Ustra, cujo filho ora faz doação à campanha de Bolsonaro, teve atuação distinta do coronel durante a ditadura.

Em 2008, em ocasião de uma ação contra Ustra na Justiça de São Paulo, o coronel arquivou documentos ao processo em que relata que sua família chegou a abrigar na época da repressão o então estudante Tarso Genro, antes de o futuro petista seguir para o exílio no Uruguai.

Segundo Ustra relatou, Genro teria sido colega de seu irmão José Augusto na escola ou na faculdade e teria sido por isso que sua família o abrigou por breve período. Na época da divulgação do episódio, em 2008, Genro negou o caso, que veio a público quando José Augusto já havia morrido.

A Folha ainda não conseguiu contato com o advogado Octávio. 

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