Operação Ross, da PF, cumpre mandados de buscas em imóveis de Aécio Neves

Operação também cumpre ordens em relação ao deputado federal Paulinho da Força (SD-SP)

Débora Sögur Hous Fábio Fabrini Daniel Carvalho
São Paulo e Brasília

A Polícia Federal cumpre na manhã desta terça-feira (11) mandados de busca e apreensão em imóveis de Aécio Neves (PSDB-MG) e Andréa Neves, sua irmã, em Minas Gerais e no Rio de Janeiro. Não há ordem de prisão.

Em São Paulo são nove mandados de busca e apreensão, um deles na sede da Força Sindical, entidade ligada a Paulinho da Força (SD-SP).

Os senadores Agripino Maia (DEM-RN) e Antonio Anastasia (PSDB-MG) e os deputados federais Benito da Gama (PTB-BA) e Cristiane Brasil (PTB-RJ) também são investigados, mas não são alvos da operação da PF de hoje.

Mandados de busca e apreensão estão sendo cumpridos e intimações estão sendo distribuídas no Distrito Federal e nos estados de Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia, Rio Grande do Norte, Mato Grosso do Sul, Tocantins e Amapá. 

As ordens foram autorizadas pelo ministro Marco Aurelio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), instância onde ocorre a investigação sobre políticos com prerrogativa de foro.

A procura de documentos é baseada na delação premiada de Joesley Batista e Ricardo Saud. Os executivos da JBS, do grupo J&F, afirmam que repassaram cerca de R$ 100 milhões em propina a Aécio e aliados, entre os anos de 2014 e 2017

Com base nas declarações de Joesley e Saud, a polícia investiga se Aécio e os grupos políticos que o apoiavam teriam recebido propina por meio da contratação de serviços que não eram efetivamente prestados, e para os quais eram emitidas notas fiscais frias.​

A Operação Ross, desdobramento da Operação Patmos, tem esse nome em alusão à plataforma de gelo Ross, maior superfície de gelo do planeta. A referência é à grande quantidade de notas frias.

Na Operação Patmos, ocorrida em maio de 2017, o STF afastou Aécio Neves do cargo de senador após ele aparecer em uma gravação feita por Joesley pedindo R$ 2 milhões. O tucano disse que se tratava de empréstimo pessoal.

Na ocasião, na mesma operação também foi preso o deputado Rocha Loures (MDB-PR), político próximo ao presidente Michel Temer, e parentes de Aécio, entre eles sua irmã. Também havia ordem de prisão ao ex-deputado Eduardo Cunha, mas ele já estava preso.

Nas últimas eleições Aécio foi eleito deputado federal, o que manterá sua prerrogativa de foro no STF, instância onde ocorrem as investigações relacionadas a ele.

Outro lado

Em nota, o advogado de Aécio, Alberto Zacharias Toron, informou que o senador “sempre esteve à disposição para prestar esclarecimentos e apresentar todos os documentos que se fizessem necessários às investigações, bastando para isso o contato com seus advogados”. 

“O inquérito policial baseia-se  nas delações de executivos da JBS que tentam transformar as doações feitas a campanhas do PSDB, e devidamente registradas na justiça eleitoral, em algo ilícito  para, convenientemente, tentar manter os generosos benefícios de seus acordos de colaboração”, diz a nota encaminhada pela assessoria do senador. 

Segundo a defesa, “a correta e isenta investigação vai apontar a verdade é a legalidade das doações feitas”.

A assessoria de Anastasia disse em nota que o parlamentar “desconhece totalmente o motivo pelo qual teve seu nome envolvido nessa história”

“Em toda sua trajetória, ele nunca tratou de qualquer assunto ilícito com ninguém”, diz o comunicado.

A assessoria de Agripino Maia declarou que ele, "enquanto presidente nacional do Democratas, buscou, seguindo a legislação eleitoral vigente, doações para o partido".

Segundo nota enviada por Maia, as doações "solicitadas a diversas empresas, foram voluntariamente feitas sem que o ato de doação gerasse qualquer tipo de compromisso entre o doador e o partido ou qualquer dos seus integrantes".

O senador afirmou que permanece à disposição da Justiça para os esclarecimentos que se fizerem necessários.

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