Ranier Bragon

Repórter especial em Brasília, está na Folha desde 1998. Foi correspondente em Belo Horizonte e São Luís e editor-adjunto de Poder.

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Explicação de Bolsonaro sobre cheque representa a velha e carcomida política

Caso exige resposta cabal e irrefutável em vez de silêncio ou embromação

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As explicações, ou melhor, a falta de explicações do presidente eleito, Jair Bolsonaro, sobre o cheque de R$ 24 mil na conta de sua mulher, Michelle, mostra todo o esplendor da nossa velha, bolorenta, carcomida, decrépita, putrefata política.

Eleito para pôr termo às “práticas do passado” —expressão que repetiu em sua diplomação, nesta segunda-feira (10)—, para mudar tudo isso aí, como se portou Bolsonaro diante da revelação de que um ex-assessor de seu filho Flávio movimentou uma minifortuna em uma infindável triangulação bancária, incluindo o cheque para Michelle?

Depois de um período mudo, afirmou que o dinheiro era o recebimento de uma dívida e que nada declarou à Receita. No mais, disse que não é ele quem tem que se explicar.

E sobre o trabalho que uma filha do assessor exerceu em seu gabinete na Câmara dos Deputados por quase dois anos? “Pelo amor de Deus, pergunta para o chefe de gabinete. Eu tenho 15 funcionários no gabinete!”

Seus futuros ministros também não se saíram muito melhor. Onyx Lorenzoni (Casa Civil) deu o velho e bom chilique pra tentar afastar repórter abelhudo. Sergio Moro (Justiça) desapareceu em meio a tchauzinhos em looping na primeira vez em que foi questionado. Na segunda, disse que seu futuro chefe já “apresentou algum esclarecimento”.

Por mais admirável que seja a docilidade que acometeu o coração de Moro desde que ele aposentou a toga, há muito ainda a ser esclarecido.

Uma suspeita de tal gravidade exige satisfação imediata, acompanhada de provas, extratos bancários, testemunhos. O motorista é quem tem que responder? Traga-o à baila. Ou então diga por que ele não dá as caras. Acometeu-se de uma terrível amnésia e não sabe o suposto trabalho que a filha do assessor lhe prestou por quase dois anos? Passe a mão no telefone e pergunte ao seu chefe de gabinete: “Fulano, que raios exatamente fez/fazia a fulana?”.

Se Bolsonaro não vê necessidade em dar essas explicações, me desculpem, não há nada de novo no front.

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