Bolsonaro escala general para presidir órgão nacional de reforma agrária

Integrante do Exército terá como missão lidar com sem-terra e desapropriações

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Brasília

O presidente Jair Bolsonaro (PSL) anunciou mais um militar para ocupar cargos no governo federal. O general João Carlos Jesus Corrêa vai presidir o Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária).

O anúncio ocorreu neste sábado (9) por meio da conta de Bolsonaro em uma rede social. O presidente continua internado no hospital Albert Einstein, em São Paulo, onde se recupera de uma cirurgia.

General Jesus Corrêa, indicado por Jair Bolsonaro para presidir o Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) - 18.mar.2011/Elza Fiuza/Agencia Brasil

O general Jesus Corrêa ocupou diferentes cargos no Exército, como chefe do Comando Militar do Nordeste. Em meados do ano passado, foi nomeado analista de Estudos Estratégicos da 3ª Subchefia do Estado-Maior do Exército.

A presença dos militares tem se espraiado pelo governo. Até o mês passado, membros das Forças Armadas já ocupavam cargos em 21 áreas do governo, de banco estatal à Educação.

"Tomara que esse general não tenha a cabeça de capitão", disse, numa rede social, João Paulo Rodrigues, integrante da coordenação nacional do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra).

Outro membro da coordenação nacional do MST, Alexandre Conceição diz que a chegada de um militar à presidência do órgão é fato inédito pelo menos nos últimos 30 anos. "Vão militarizar a reforma agrária? Com qual intuito?", questiona.

O Incra foi criado durante o regime militar para mediar os conflitos que se acentuavam no campo e para ajudar no processo de colonização à época, em especial na migração de famílias de agricultores do Sul para o Centro-Oeste e Norte do país.

Nos anos mais recentes, o Incra ganhou papel mais ativo na vistoria e desapropriação de terras para a implantação de assentamentos rurais. Na pressa, criou uma série de favelas rurais, como são chamados os lotes sem infraestrutura adequada.

Segundo Conceição, o nome do general é desconhecido entre aqueles que discutem o tema. "Não é uma pessoa da área, não conhece a pauta agrária", diz ele, que mostra preocupação com os rumos da política no governo Bolsonaro. 

"Mais do que o nome, a preocupação é com a política que o governo quer implementar. Reforma agrária é questão de desenvolvimento social do país, geração de emprego, produção de alimentos, não de polícia", diz. "Criminalizar o movimento só vai gerar mais conflito no campo".

Por decisão do presidente, o Incra saiu da Casa Civil da Presidência, onde estava desde 2016, para o Ministério da Agricultura. A pasta é comandada pela ex-líder da bancada ruralista no Congresso Tereza Cristina (DEM-MS) e abriga a Secretaria de Política Agrária, chefiada pelo pecuarista Nabhan Garcia, um adversário do MST desde os anos 80.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.